Jamais subestime uma criança. Não pense que você é mais esperto, mais sagaz, irônico, que é fácil convencê-la. Você pode ter o controle, a autoridade. Convencimento, entretanto, se dá com farta e didática argumentação. É preciso ser persuasivo. Não espere que a criança entenda “portar-se com educação” sorrindo para o que não gosta, agradecendo o que não lhe agrada. A criança não é capaz de ganhar um presente repetido e fingir surpresa ou contentamento. Só que ela também pode gargalhar e brilhar os olhos com qualquer objeto ou brincadeira, como uma concha na areia, ou apenas ao ser jogada com o corpinho para cima e para baixo.
As crianças são capazes de fazer, ao mesmo tempo, as melhores perguntas e dar as mais improváveis respostas. Estão atentas a tudo, mesmo quando parecem em outro mundo. O universo do faz de conta para elas é real e essa talvez seja uma das mais valiosas virtudes destas inocentes almas: a capacidade de rir de tudo, de divertir-se nas adversidades e de sonhar com tudo que for possível e impossível. Observe um bebê quando começa a reconhecer os pais, engatinha, sente cheiros e gostos ou dá os primeiros passos. Nada pode ser mais natural, ter melhor energia ou leveza.
A relação com a criança não é unilateral. É de troca. Ensinamos e aprendemos. Sobretudo, sobre o amor. Puro, genuíno, sem espera ou expectativa por recompensas. Um amor livre de frustrações. Amor por doação. Livre e despretensioso. Crianças choram à toa, é verdade, mas que mal tão grande há nisso? Na mesma intensidade, mostram as gengivas e dentinhos como se não houvesse amanhã.
Crianças acalmam, acalentam, revigoram, rejuvenescem. É impossível ser triste perto de uma criança. É impossível ser indiferente a uma criança. Crianças são seres de luz. Imprevisíveis. Instigantes. Curiosas. Ávidas por descobrir e aprender. Crianças enchem uma casa. Preenchem o coração. Fazem tudo valer a pena. Tornam o mundo mais doce.