Solidarizar: verbo transitivo direto que nos ensinou o que é amor

Uma onda de solidariedade invadiu o Rio Grande do Sul. O fim do mês de abril e início de maio, nos trouxe a maior enchente da nossa história. Até então, a maior havia sido em 1941. Esta, infelizmente, superou. Mas, diferente daquela época, hoje, contamos com redes sociais e veículos de comunicação que conseguem nos dar o auxílio necessário para que possamos gritar por socorro. Mais de 500 mil pessoas estão desalojadas no Rio Grande do Sul.

Em Montenegro são cerca de 11 mil afestados pelas cheias do Rio Caí, sendo quase 8 mil desabrigados. Mas, como cita nosso hino, somos um povo “aguerrido e bravo”. E se faltou forças em algum momento, se a esperança parece ter sumido junto com as lembranças do nosso povo, levadas pelas águas dos rios e arroios, o que se viu foi uma onda de solidariedade de norte a sul do nosso país. Até mesmo o futebol deu grande demonstração de amor e carinho aos gaúchos. Nosso hino e nossa bandeira tremularam em Minas Gerais, em um jogo do Atlético Mineiro. Em São Paulo, o time que leva o mesmo nome do Estado Paulista, fez uma grande campanha com seus torcedores e, mais uma vez, fomos atendidos na nossa dificuldade.

Olhando os jornais e as redes sociais, me deparei com um “pokã”. Sim, este é o nome dado por minha neta Cecília, ao cavalo que temos na chácara. Diferente do Pokã, o Caramelo lutou muito pra sobreviver. Não desistiu em minuto algum de lutar pela vida. Em cima de um telhado mostrou o quanto queria viver. E foi socorrido. Ele, que é símbolo do nosso campo, do nosso Rio Grande do Sul, agora ganha ainda mais significado nessa nossa luta de resistência e resiliência. Eu sei, não foram apenas bens patrimoniais perdidos. Muitos dizem “ah mas isso tu recupera depois”. Não, não se recupera. São vidas, histórias e memórias vividas dentro de cada lar. E se formos ter um olhar atento, o nosso lar é nosso castelo, nosso refúgio. É ali que conversamos, que resolvemos a nossa vida. Também é em casa que recebemos nossos amigos e família.

Hoje, nossa cidade está ilhada, mas vamos levantar assim como levantamos outras vezes. Vai ser difícil? Sim, eu sei, vai ser. Por que o impacto causado pela enchente de 10 metros e 70 centímetros provoca muitas dores e traumas. Ainda assim, ressalto, vamos levantar. Somos o povo que não baixou a cabeça em 1835, durante a guerra dos farrapos. Aliás, esta catástrofe climática, com perdas de bens materiais e vidas, é comparada por historiadores a guerra dos farrapos, em perdas e danos. E se naquele século levantamos e honramos nossa terra, hoje também levantaremos. Ainda mais fortes, aguerridos e bravos.

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