Um pouco de alento real

Confinado, sem poder sair, ou saindo com medo, por necessidade. Ou não acreditando em nada disso e irritado com os “mensageiros do caos”. Em comum, todos atolados no mesmo pântano de informações confusas, negatividade e medo do futuro. Estão todos um pouco mais loucos do que antes. Para alguns, esse pouco era o que faltava para se tornar um sociopata.
Todos já passamos por momentos ruins, solitários e sem esperança. Já vi muitas pessoas não sabendo lidar com esses momentos – inevitáveis – e causando uma explosão arrasadora em suas vidas, consumindo inclusive aquilo que estava bem. Desde cedo, decidi aprender sozinho e com tudo e, dessas observações somadas às leituras, retirei algumas simples ideias salva vidas.
A mais conhecida é “não temos controle sobre a maioria dos acontecimentos, portanto temos que aprender a controlar nossas reações quanto a eles”. Eu penso em desgraças. De sangue frio, imagino coisas horríveis que poderiam acontecer comigo e com os que amo. Pensar desgraças não as atrai, isso é uma superstição boba, o que acontece é o desencadeamento de fortes emoções. Nosso cérebro tem essa capacidade maravilhosa de emular emoções verdadeiras com mentiras imaginadas, eu as uso para uma espécie de “treino”. Isso não vai me tornar insensível, ao contrário, vai me dar uma vaga ideia do que esperar e do que os outros sentem em situações terríveis.
Rejeição não é falha, é indicação de novo caminho. Ficar remoendo uma rejeição, pensando em vingança, é uma estúpida perda de tempo e energia. Ter um mapa errado é pior do que não ter um mapa, às vezes topar logo com um precipício economiza uma desgastante caminhada.
Todos estão lutando. Batalhas invisíveis e silenciosas estão ocorrendo, mesmo para aqueles que atingiram “o sucesso”. Muitas estão sendo perdidas e muitas são tão desesperadoras que sequer podemos imaginá-las. O que vive, luta. Viver reclamando e achar que a sua dor é a pior só o coloca na posição de egocêntrico derrotado.
“Se as outras pessoas pessoas ouvissem o que eu penso, considerariam que sou completamente louco e caótico.” Sim, considerariam. Porque elas também são exatamente assim, inclusive pensam, desejosamente, várias vezes ao dia, na conveniente morte de alguém.
Temos mais do que pensamos. É muito comum focarmos no que ainda não temos, esquecendo de fazer o inventário de tudo o que já conquistamos e herdamos. Parte desse vício é estimulado por publicitários como eu. Esta crise e confinamento forçado é uma oportunidade de rever e valorizar. Repensar e consumir de forma menos paranóica e compensatória.
“Quem espera sempre alcança.” “Pense positivo e tudo ficará bem.” MENTIRAS! Por que mentem tanto para si mesmos? Eu sei, é por necessidade de conforto. Pensamentos mágicos são muito alentadores, eles são mais um produto do consumo paranóico e compensatório. Funcionam como um droga: relaxam, obnubilam a mente, maquiam a realidade e iludem que tudo vai dar certo. Aí vem um vírus e PÁ!

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