Coração acelerado, noites sem dormir, excitação, uma angústia misturada com alegria. Aqui vemos a ação de três neuroquímicos: noradrenalina, dopamina e feniletilamina. O ménage safado desses três resulta em elevados níveis de prazer, energia e atenção.
No hipotálamo, esse puxadinho do cérebro do tamanho de uma amêndoa, acontece a gestão de produção das nossas drogas preferidas. Uma mensagem para os testículos e o estoque de testosterona aumenta; um pedido carinhoso aos ovários e grandes lotes de estrogênio saem do forno.
Há hormônios “masculinos” e “femininos” nos corpos masculinos e femininos. A proporção define tesão. Até para sacanagem é preciso equilíbrio em algum lugar, até para o mais romântico amor tem que haver uma louca e indecente alquimia correndo nas veias.
O amor romântico tem fases: luxúria, atração e apego, cada uma embalada por seu coquetel de hormônios produzidos pelo barman do cérebro. Na luxúria, os homens estão embriagados de testosterona e as mulheres de estrogênio. Homens parecem estar o tempo todo embriagados; já boa parte das mulheres experimenta doses mais fortes só quando estão ovulando.
A fase da atração, que pode vir ou não depois da luxúria, ativa a parte do cérebro responsável pelo comportamento de “recompensa”. O hipotálamo produz dopamina e injeta os amantes, que agora querem ficar juntinhos, passear, fazer sexo. Muito sexo. Também entra na relação a noradrenalina. Esse bacanal químico nos deixa tontos, enérgicos e eufóricos. Podemos ficar sem apetite e ter insônia. É a fase conhecida como paixão. Dela você sai casado ou destruído. Em alguns casos, os dois.
Quem sobreviveu à paixão chega ao apego. Dizem que aqui o sexo diminui em quantidade e aumenta em qualidade. A dopamina reduz e, se tudo chegar a mais um equilíbrio, entram em cena os hormônios oxitocina e vasopressina, que criam o desejo de se relacionar, se associar e cuidar do parceiro. Aí vem o casamento, a casa, o cachorro, os filhos e boletos. Muitos boletos.
A fidelidade está relacionada com a vasopressina: baixos níveis dela aumentam a chance de escapadinhas e consequente surgimento de apêndices pontiagudos de queratina na testa.
E por falar em sexo, a ocitocina é um hormônio liberado durante o orgasmo, durante o parto e na amamentação. Dizem ser ele a “cola” dos relacionamentos. O lado sombrio da ocitocina é o comportamento carente e o ciúmes.
E o mais louco: saber de tudo isso não destrói a magia, o romantismo, a poesia. Não compromete os momentos sublimes, os presentes fora de hora e os carinhos espontâneos. Saber da química não evita aqueles olhares e sorrisos assanhados que só vocês acham que ninguém mais está notando. Não evita as fotos mimosas nas redes e a mudança de status para “em um relacionamento sério”, mas ajuda a ter expectativas mais realistas.