Meninos

“Um homem tem seus instintos, quando vê um rabo de saia já fica todo animadão. É Normal! A mulher não pode provocar, né?”. Já ouvi muitas versões desta frase. Quando era bem novo, até concordei em virtude das inconveniências fisiológicas que o corpo me impunha, em momentos impróprios, estimulado pela visão de uma bela e “provocante” espécime da raça humana. Sejamos honestos: qual menino púbere já não perdeu o foco da matéria, do mundo e do universo, olhando para os adoráveis contornos da jovem professora escrevendo no quadro?

Estamos falando de meninos. Falamos de seres humanos do sexo masculino, jovens inundados por hormônios e descobertas. Mesmo sob o estímulo animalesco dos instintos, estes meninos terão o filtro da vergonha e dos limites se forem educados minimamente. Um menino sozinho saberá, por instinto, que está isolado e o grupo que o cerca deve ser observado e respeitado. “O direito da força sempre foi significativo diante da força do direito”, como bem frisou Ruy Barbosa na conferência de Haia.

O menino, quando se junta a outros, quererá ser parte de um grupo, de uma força. Ali precisará demonstrar a sua ousadia, ser destemido, se possível, admirado e temido. Os mesmos hormônios que intumescem seu jovem pênis várias vezes ao dia estarão trabalhando também para enrijecer sua fibra masculina.

Ali, no grupelho, um irá um pouco além, outro mais, um falará o que não falaria sozinho, outro fará. Um terceiro extrapolará o limite do aceitável buscando ser o mito do bando. Meninos têm atração por estes jogos comparativos de tamanho, quantidade e ousadia.

Os corpos dos meninos inevitavelmente se tornarão corpos de homens e se nada de educação, de compreensão do outro, dos limites, das liberdades, se nada das humanidades for inserido no grupelho de jovens ousados, as mentes não acompanharão os corpos adultos. Se o comportamento “macho” for estimulado em contraposição ao comportamento do homem civilizado, veremos, mais do que já vemos por aí, macacos masturbadores à espreita da primeira oportunidade de uso de uma fêmea, a qualquer preço, sem chance de recusa.

Os machos dirão que este processo de refinamento do homem flerta com o afeminado. Ora! Se os fantasmas do comportamento feminino e da homoafetividade o assombram, o problema a resolver está no seu íntimo, não adiantará tentar resolver no seu entorno.

Fico sempre pensando nesses homens de fibra que não podem ver um decote, um mamilo ou coxas à mostra quando estão na praia, cercados de belos corpos com as partes “estratégicas” cobertas por apenas três ou quatro triângulos de tecido. Ali se comportam, o grupo externo é maior. E se houvesse apenas uma moça de biquíni e um bando masculino se entregasse aos jogos meninos de ousadia sem limites? No fundo, é apenas uma questão de administração do oportunismo e da covardia.

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