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É uma posição confortável, segura e vaidosa ver-se acima da média. Sempre podemos olhar de cima aqueles que têm menos posses, conhecimento e habilidades e, se focarmos nesses, certamente acharemos muitos.

A tentativa de verificar se é verdadeira a máxima de que dinheiro não traz felicidade chegou à seguinte conclusão: Quando a situação financeira do sujeito é tão difícil que inviabiliza uma vida decente, o dinheiro, sim, é fonte de felicidade. Dinheiro traz liberdade e ninguém é pleno tendo que se sujeitar a fazer qualquer coisa em troca de sustento.

Por outro lado, quando o sujeito atinge certo grau de independência financeira, dinheiro a mais não significará felicidade a mais, em muitos casos significará preocupação e desconfiança. Não raro, pessoas viram acumuladoras de bens. Sem propósito e equilíbrio, o acúmulo vira vício e prisão mental. O mesmo dinheiro que deu a liberdade pode se tornar dono dela.

Com o acúmulo de conhecimento, num primeiro momento, vem a jactância. O iniciado em leituras e estudos sente a necessidade de fazer-se ouvir. As soluções para praticamente todos os problemas e a explicação para os mais diversos fenômenos estão naquela mente pródiga. Há pessoas que ficam eternamente nessa fase de mínimos conhecimentos e certezas máximas. Porém, se a ambição intelectual o levar a cavar mais verá que há infinitas terras, imensas pedras e muitos e mais hábeis cavadores. Há um momento em que o foco passará a ser tudo o que não sabe e o estudioso se enterrará cada vez mais na saciedade de conhecimento e esquecerá o palanque no qual se jactava.

O conhecimento traz felicidade? Há outra máxima que diz que só os ignorantes são plenamente felizes. Não concordo: a ignorância traz um conforto subserviente e irresponsável. Mesmo a felicidade sendo fugidia e nunca se deixando agarrar quando nos esforçamos muito para prendê-la, podemos alcançar um estado de tranquilidade para aproveitar os momentos simples, livres de perturbações, onde a felicidade se mostra e se deixa tocar. “Felicidade não é um lugar, é um caminho.”

Mentes atormentadas pela falta de dinheiro e pela necessidade obsessiva de palco perturbam seus ambientes.
O filósofo Epicuro (século IV a.C.), dedicou-se a pensar a felicidade em contraposição ao Hedonismo de Aristipo de Cirene, que fundamentava-se no “prazer pelo prazer” e que levava ao exagero e ao egoísmo.

Epicuro pregava o comedimento e pedia muito cuidado com os prazeres. “Nenhum prazer é em si um mal, porém certas coisas capazes de engendrar prazeres trazem consigo maior número de males do que de prazeres.”

O ser humano é especialista em transformar dádivas em penitências, vantagens em privilégios, prazeres em vícios, riqueza em exploração, conhecimento em superioridade, humildade em subserviência, limitação em orgulho, liderança em poder, acaso em conspiração, verdade em mentira, ciência em crença e crença em ciência. O mundo é extremamente complexo e nele há momentos simples, não o contrário.

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