Ouvi certa vez, acho que foi em uma música, que “estrume bem fresco tem sua valia.” De fato, até onde sei, é um bom adubo. Sempre gostei de pensar que nada é bom por inteiro nem mau por inteiro. Não sei se sou um pessimista que entende o lado do otimista ou o contrário, até porque, se escolhesse um dos lados, estaria revelando a preferência e corrompendo este tão almejado e inalcançável equilíbrio. Precisamos de utopias, não para alcançá-las, mas para termos um belo quadro pendurado na grande parede do horizonte.
Ver que há razão e motivo para pessoas pensarem, falarem e agirem de modo que acho detestável é para mim um bom exercício. Tentar ver como e por que aquela pessoa chegou naquele ponto me torna mais investigativo, teórico, imaginativo. Várias leituras sobre comportamento humano já me foram estimuladas por idiotas, donde percebemos que idiotas bem salientes têm sua valia.
Não, com esse magnânimo esforço de entendimento, que eu vá tolerar e conviver com imbecilidades. Bastam-me quando vêm, não as procuro.
Quando as redes sociais evidenciaram o fenômeno “haters”, estes odiadores de tempo integral que vivem para reclamar, ofender e destilar suas frustrações mal resolvidas contra tudo e todos, eu gravei um vídeo dizendo que eles eram um novo veículo de mídia.
Com a chegada do Dia dos Pais, observamos mais uma vez os bons publicitários cavalgando nas cavalgaduras. O caso Boticário/Thamy mostrou um potencial de entrega de mensagem movido por uma energia gerada nas usinas histéricas da pulsão sexual reprimida. Deslizando na viscosidade do ódio, a campanha ganhou conteúdo extra e amplitude, valorizando ainda mais a marca e enriquecendo ainda mais os acionistas. O mercado lhes agradece, a publicidade lhes usa, a mensagem de tolerância e diversidade tem em vocês, haters, machões, moralistas, o reconhecimento do quanto são úteis para a causa que detestam.
E o melhor, vocês são baratos. Movimentam toda uma campanha apenas motivados pela ausência ou presença de um pênis. Vocês valem um tiquinho.
Assim como o estrume fresco, os haters têm minha curiosidade e interesse utilitário, jamais meu respeito.
Respeito eu tenho por mídias sérias, diversas e com credibilidade. Haters são uma onda a surfar, uma matéria mal cheirosa que, com alguma habilidade, pode ajudar a dar frutos, desde que bem manejada.
E como estamos falando do Dia dos Pais, não do dia do progenitor, homem mesmo é aquele que não abandona e sei de muitas mulheres que são pais e mães, mesmo não tendo um tiquinho a se gabar.