É impossível imaginar o impacto das enxurradas até que você veja com os próprios olhos o rastro de destruição que a força das águas deixou. Desde segunda-feira (10/9), por determinação do governador Eduardo Leite, troquei o local de trabalho do Gabinete do Vice-Governador. Ao invés do Centro Administrativo em Porto Alegre, passei a despachar e a cumprir extensa agenda em Encantado, no Vale do Taquari. De lá, me somei à mobilização do governo do Estado presente na região desde o primeiro dia, para coordenar in loco as ações de assistência aos municípios e às vítimas das enchentes.
Entre reuniões de alinhamento para atendimento e visitas aos locais públicos destruídos, me deparei com histórias como a do Diego e do Bernardo. Morador de Cruzeiro do Sul, Diego tem 10 anos, olhos claros e um sorriso que luta para se manter no rosto mesmo depois de perder a própria casa. Conheci o menino durante visita ao ginásio que abriga as famílias no município. Conversamos sobre a importância do retorno às aulas e ele me questionou: “como posso voltar à sala de aula se eu não tenho mais material escolar?”. Imediatamente, o prefeito respondeu que a prefeitura doará kits aos estudantes.
Em Roca Sales, estive no centro de doações da cidade. Logo na chegada encontrei o Bernardo, também de 10 anos, com um brinquedo entre as mãos. Enquanto a chuva insistia em cair novamente, o menino expressava no rosto repleto de lágrimas o medo de uma nova enxurrada, receio que não é só dele, mas de toda a população da região.
Os dois meninos têm uma vida pela frente. Mas como seguir depois desta tragédia? Não tenho a resposta e talvez ninguém tenha, mas há uma certeza: o ambiente escolar é fundamental para estas crianças. E não se trata apenas de retomar o aprendizado. O que é preciso garantir neste momento é um local para que possam estar entre os colegas, retomar a rotina e reencontrar a esperança nas brincadeiras, no abraço dos professores e nos amigos. Você também pode contribuir. Saiba como no site estado.rs.gov.br/sosenchentes.