Os processos de mudança envolvem os mais variados sentimentos entre a dor e o prazer. Não à toa, Charles Darwin já dizia que não serão os mais fortes os que sobreviverão, e sim os que se adaptarem. E cá estou, aqui em casa, fazendo acontecer a tal adaptação, recolhendo objetos, roupas, acessórios (a conhecida gaveta gigante dos óculos), figurinos, livros, DVDs, CDs, antiguidades (que mania!) tudo que sempre foi conservado da melhor forma possível e com o maior carinho, visto que nada “cai do céu” e que todo o extravio ou falta de cuidado com os objetos da casa é sinônimo de prejuízo, algo que ninguém quer ter e que nunca me permiti.
Tento assistir ao seriado “Ordem na Casa (2018, Netflix)”, aquele em que uma simpática e cheia de rituais profissional da organização, a Marie Kondo, vai até as casas das pessoas e lhes ensina seu método, para buscar alguma referência. Mas, ao invés de colaborar com conceitos como “me traz alegria?” só traz mais angústia e “largo de mão” no ato. Há coisas mais importantes a providenciar: seleção dos objetos, caixas de papelão para distribuí-los, já que tenho a certeza de que o caminhão da mudança, por mais organizado que seja, não vai dar conta dos itens com o mesmo carinho, e as doações para o acervo da biblioteca e do teatro da Fundarte.
Há muito do que se desfazer, questionamentos e nostalgia – claro, pois muitos objetos estão carregados de memória, como, por exemplo, meu grande companheiro de adolescência: o aparelho de som portátil com CD e dois “decks (compartimentos)” para gravação de fitas K7 – só quem viveu nos anos 1990 entende o valor de montar coletâneas para ouvir no “walkman” (sim, também consta no inventário) ou distribuir para os amigos. E ainda conta com rádio AM/FM. Que dó!
Inspirada por conceitos que a escritora montenegrina Carina Luft – a quem recorremos para dar luz a este texto – tem divulgado em suas plataformas de compartilhamento, planejo um novo lar, se possível, sem excessos.
Carina criou uma identidade: “vida mínima @carinaluft”, na plataforma Instagram. “Vida mínima” será o título de um livro de crônicas que trará a literatura minimalista, abordando o minimalismo enquanto arte e filosofia de vida. Nos stories (fotos e vídeos com duração de 24 horas), ela publica frases e estudos voltados ao tema e como o aborda em seu dia-a-dia.
Segundo a escritora, o minimalismo, movimento artístico que surgiu nos Estados Unidos no final da década de 1950, é um conjunto de movimentos artísticos de arte abstrata, no qual o mínimo de elementos é o ideal. A partir dele, surgiu a filosofia de vida essencialista, onde o que vale é o necessário, eliminando-se excessos. Tem como objetivo a busca (sensata) de possuir menos objetos, porém com mais qualidade, sendo aplicado em roupas, bens, móveis, eletrônicos etc. É monocromático para facilitar a harmonização dos objetos que existem em menor número, logo, tudo fica mais claro, organizado e atemporal. Pode ser aplicado em qualquer segmento: moda, arquitetura, artes plásticas, literatura e linguagem, paisagismo etc.
Alguns itens sobre os quais Carina sugere reflexão, para que possamos compreender e aderir à prática do conceito:
– A ideia de ter menos assusta, mas o resultado fascina;
– Dê atenção plena ao básico, ele é essencial;
– Aprecie a beleza das coisas mínimas;
– Desapegue do ciclo de recompensas.
E como diria a Maria Gadú em uma de suas composições, “o apego não quer ir embora. Diacho! Ele tem que querer!”
Olhares:
Destaques do Bê: Apresentador da nossa TV Cultura, diretor da ACORS – Associação dos Colunistas Sociais do Rio Grande do Sul e colunista do Diário de Bordo, Bernardo Guedes promoveu dia 26 de novembro, no Salão Imigração, em Campo Bom, a primeira edição do Prêmio Destaques, onde homenageou as personalidades gaúchas que estiveram em evidência na mídia no ano de 2019.
Manas na Nonô: A edição do Bazar de Natal das Manas no Espaço de Arte Nonô Jazz, realizada na última sexta, dia 29, foi um sucesso de vendas e de encontros entre amigas. Parabéns a todas que participaram e compareceram, prestigiando a produção local.
A Colmeia: Produzido aqui no RS com cenas gravadas na nossa região, o filme A Colmeia conquistou, no último sábado, dia 30.11, o prêmio de Melhor Longa Metragem Internacional no Festival Cine Zaragoza, na Espanha. A saber: o filme conta com a participação de Marcos Guarani no elenco e Duda Nedel na produção.
Aquário: As jovens empreendedoras Bárbara Maldaner e Francielen Fortes criaram o podcast semanal na plataforma Spotify “Saia do Aquário”, voltado a assuntos diversos e contando com convidados especiais.
O Vestir e a Cidade:
Vamos tomar um sol com a Vera Mantovani e seu traje de banho da década de 1970? O estilo continua atual. Foto do acervo Moscofian.
Você tem alguma foto histórica sua ou de alguém especial vestindo algum traje de época? Vamos adorar publicar neste espaço! Envie para o nosso Facebook ou e-mail [email protected]