“(…) todos enfrentamos inúmeros desafios. Já tive câncer duas vezes, sofri anorexia, bulimia, bullying, fui deserdada pela família, fiz trabalhos que considerava humilhantes – no entanto, cheguei aqui disposta a honrar minha existência. Minha educação não é uma história de sucesso, mas de resistência. Eu não vou desistir jamais.” Costanza Pascolato em A Elegância do Agora
Considerada ícone de estilo e elegância, Costanza Pascolato nasceu em 1939 na cidade de Siena, na Toscana, Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Veio com seus pais Gabriella e Michele, ainda criança, para uma vida nova no Brasil, como tantos outros imigrantes. Na adolescência, desenvolveu o que chama de “lado transgressor”. Matava aula para fazer o que realmente achava interessante: ler, pintar, desenhar e ir ao cinema. Aos 35 anos, depois do primeiro casamento, apaixonou-se por outro homem, foi deserdada pelos pais e perdeu a guarda das duas filhas, Alessandra e Consuelo, por quatro anos. Encontrou no trabalho uma forma de se reerguer e sobreviver. Começou sua carreira como produtora de decoração e depois migrou para a produção de moda na Revista Claudia, na década de 1970, tornando-se grande referência de bom gosto, fazendo história até os dias atuais.
Para celebrar seus 80 anos de vida, idade na qual considera não haver mais pudor algum em se abrir, Costanza lançou, em 2019, o livro “A Elegância do Agora” em depoimento à jornalista Isa Pessoa. A publicação, mais do que o manual de estilo “O Essencial (2003)”, seu primeiro livro, propõe a recuperação dos rituais de dignidade social que andam tão esquecidos como duas palavras essenciais em nossa língua: ética e empatia.
A autora, que considera-se mais uma esteta do que uma “mulher da moda”, tanto em seus livros quanto em entrevistas, fala abertamente sobre suas vivências e estilo, que chama de minimalista, porém baseado na proporção e na forma. E sua “curiosidade infantil” é a receita da juventude, pois justifica que ser curiosa é amar a vida (adorei). Para ela, o aprender é constante e a inteligência intuitiva. Nunca se apresenta sem seus óculos enormes, que usa por necessidade, jamais para ser uma personagem ou fazer tipo.
Cercada por personalidades/fãs da área da moda no tradicional programa Roda Viva, da TV Cultura, no último dia 13, entre eles as jornalistas Lilian Pacce e Erica Palomino e o fotógrafo J.R Duran, Costanza abriu o coração com toda a generosidade, quando explicou que o envelhecimento é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que sempre deveria ter sido, parafraseando David Bowie. Se autointitulou “burra”, maneira que era chamada pelo pai, de quem não carrega mágoas, mas falou de suas limitações e reprovações na escola, uma provável dislexia, justificando algumas respostas confusas e outras apenas com um “sei lá”.
Classificou, quando questionada sobre elegância, que o conceito se entrelaça com a educação, com o tratar bem as pessoas e ler o outro com empatia. E que ser pacífico e diplomático em nada se confunde com falta de opinião. Sobre sua maneira de vestir, chama de uniforme e, no livro, explica que “o uniforme é um trunfo a mais. Protege e ajuda você a consolidar seu estilo, além de facilitar a escolha nas manhãs em que estamos com mais dificuldade de sair para a vida. Então, lá está o nosso conjunto já definido de véspera, só vestir.” Comunica e divide seu conhecimento sobre a vida e moda de uma forma tão única que dá aquela inspiração que nos leva de forma inevitável a pensar: quando chegar aos 80, quero estar que nem ela.
O Vestir e a Cidade:
No Carnaval de 1964, os mascarados do Bloco Riograndense. O registro faz parte do acervo da Lisabet Moscofian, que tem um álbum mágico.
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