Desde a noite do último domingo, 30, quando foram divulgados os resultados do segundo turno das eleições 2022, manifestantes ocupam rodovias federais e estaduais em todo o País. O movimento não aceita o resultado das urnas, que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. Os manifestantes estão sim, no seu direito de manifestar insatisfação com o resultado. Essa é uma garantia prevista na Constituição Federal e um mérito da democracia, assim como o sistema eleitoral brasileiro, que prevê a vitória do candidato que tiver 50% mais um, dos votos válidos – algo cumprido quase que literalmente à risca na eleição mais apertada desde a redemocratização brasileira.
Mesmo que não altere o resultado já anunciado, a paralisação é legítima. Ela pode ser mantida desde que respeite a vontade daqueles que desejarem seguir seus caminhos, sejam motoristas de veículos de passeio, viaturas de segurança ou mesmo outros transportadores de cargas. A compreensão deste princípio é fundamental para que não se ultrapasse o limite democrático, bloqueando passagens e danificando estruturas de rodovias, gerando prejuízo ao Estado e a empresas, que perdem cargas, perdem prazos e perdem dinheiro, como ocorre em muitos pontos Brasil afora.
Essa é a verdadeira face da liberdade: mostrar a insatisfação com determinado fato, mas deixar livre o próximo para que as vozes dissonantes possam soar sem agressividade. A beleza de viver em um País com sistema democrático constituído é justamente essa: poder discordar e se fazer respeitar, porque ao próximo também é dado este direito. E por essa razão, a defesa da democracia é fundamental. Isso se faz respeitando-a e fortalecendo todas as instituições que formam o nosso sistema tripartite – Executivo, Legislativo e Judiciário.