Há pouco mais de três meses, o dono de uma oficina mecânica de Montenegro foi acusado de arrastar um cachorro, amarrado à sua caminhonete, pelas ruas da cidade. O vira-lata Chico felizmente sobreviveu e, depois do atendimento veterinário, foi acolhido por uma defensora da causa animal. O indiciado pelos maus tratos responde a processo e, caso a culpa seja confirmada, corre o risco de ser preso.
Nesta terça-feira, dois homens foram presos por terem assassinado um homem em situação de rua no centro de São Luís, capital do Maranhão. Segundo informações da polícia, foram detidos um empresário e um vigilante, cujos nomes não foram divulgados. O crime ocorreu no dia 17 de maio, quando o corpo da vítima, identificado como Carlos Alberto Santos, de 36 anos, foi encontrado. Depois de ser agredido, assim como o cachorro Chico, o homem foi amarrado em um carro e arrastado. Ele acabou morrendo por causa dos ferimentos.
Tanto numa situação quanto na outra, os suspeitos tentam se defender. O condutor que arrastou o cachorro Chico disse que não viu o animal amarrado ao veículo e que ele não lhe pertencia. Para a Polícia, com base nas circunstâncias, isso seria impossível. Já os acusados de matar o morador de rua admitiram o crime, mas justificaram a ação dizendo que a vítima havia furtado várias vezes o seu restaurante. Ou seja, aplicaram, eles mesmos, a pena de morte para um crime que o Código Penal considera leve.
Os dois casos não têm em comum apenas os métodos. O que os une, principalmente, é o desprezo à vida manifestado pelos agressores. A maldade está presente no ser humano em maior ou menor escala, mas existem limites ditados pela moral que parecem estar se tornando cada vez mais elásticos. Isso representa um grande risco para a civilização como um todo, porque nos reduz à nossa condição mais primitiva, à barbárie.
Já não basta punir quem age assim. Precisamos, todos, encontrar meios para valorizar a vida. Em casa, no trabalho, nas escolas, o grande desafio é ensinar a adultos e crianças que todos, pessoas e animais, têm o direito a viver com dignidade e que esta garantia é o legado mais nobre que podemos deixar.