Vida em gotas

É lindo. É vital. É amor transmitido através de minúsculas gotículas. Gotas de leite que o corpo da mãe produz para garantir a sobrevivência do filho. É biológico. Mas também é emocional. O cordão umbilical já não une duas pessoas que se amam perdidamente desde antes mesmo de se conhecerem. Por algum tempo seguirão unidas na amamentação. Só que, apesar de tão bela que soa até poético, a amamentação está longe de ser fácil.
Não é tão simples quanto parece nos filmes e novelas. Essa imagem que trazemos no inconsciente de mulheres puérperas – que deram à luz há pouco tempo – belas e sorridentes, aleitando uma criança que mama tranquilamente ainda na maternidade está muito longe de ser a realidade da maior parte das mulheres. Muitas, sem a orientação adequada, seja médica ou familiar, desistem. E vão para casa já oferecendo ao filho mamadeiras com fórmulas que podem ser ótimas, mas nunca substituírão o leite materno. Ele pode até demorar para descer, mas, com a devida orientação, e com insistência, a imensa maioria das mães pode sim aleitar.
A importância da amamentação precisa ser compreendida pela sociedade. Com ela, a mortalidade infantil cai. A imunidade das crianças se eleva. E já há estudos que relacionam o aleitamento com a saúde dos adultos, já que tiveram a melhor base alimentar na primeira infância. Investir em campanhas para que as mães amamentem gera retorno em longo prazo, garantindo uma população mais saudável no futuro.
E se amamentar é privilégio feminino, a responsabilidade por isso não. Os pais infelizmente não podem experimentar a sensação de alimentar alguém com o fruto do próprio corpo, mas podem estar junto e tornar os primeiros meses com o bebê menos cansativos para as mães. As enfermeiras podem se dedicar a incentivar e apoiar as mães na hora de iniciar a amamentação. Os ginecologistas, obstetras e pediatras, tão importantes no período gestacional e início da maternidade, devem oferecer às gestantes e companheiros a informação necessária. Os empresários, cada um dentro das suas possibilidades, podem facilitar a amamentação após as mães voltarem ao trabalho. E as escolas de educação infantil podem fazer um esforço para que os bebês que passam o dia nas instituições recebam o leite que a mãe tira e leva diariamente.
Se todos ajudarem, mais bebês terão o melhor alimento de todos. Assim estaremos garantindo uma geração bem mais saudável.

 

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