É natural que você esteja cansado de ligar a TV e ver a pandemia de coronavírus dominar os noticiários. Também é compreensível que navegar nas redes sociais tenha se tornado tedioso diante da multiplicação de argumentos a favor ou contra o isolamento social. Parece que todos os outros problemas do mundo acabaram. É como se, de repente, a violência tivesse sido drasticamente reduzida; os acidente de trânsito não ocorressem mais e não houvesse mais buracos nas ruas. Óbvio que não se trata disso. Assim como também é mentira que a imprensa esteja insistindo no tema para semear o pânico.
A verdade é que nunca lidamos com algo assim. Nem mesmo nas guerras, as populações de países inteiros tiveram de ficar presas em suas casas. Até ocorreram outras pandemias no passado, mas a falta de conhecimento científico não indicava o isolamento como fator de prevenção. Então tudo isso é muito novo e os exageros existem, sim, mas são fruto da ansiedade e do desejo de salvar vidas. Da mesma forma que nossas antipatias estão afloradas e a reação ao que consideramos uma ameaça é rechaçada com violência.
Ninguém está feliz, nem mesmo aqueles segmentos que seguem em atividade porque são essenciais. É crítica a situação dos empresários cujos negócios estão parados e não sabem como irão pagar seus funcionários. E também dos trabalhadores que, pela incerteza em receber, temem não conseguir abastecer a geladeira. Todos sentimos falta da “normalidade”, das nossas rotinas, das relações e da troca de afetos. Estamos mais agressivos e impacientes e acabamos “descarregando” naqueles que estão mais próximos, especialmente os que dividem conosco a casa-prisão.
O isolamento social é um remédio amargo para evitar a superlotação dos hospitais. Para impedir que os médicos, em algum momento, tenham de escolher entre quem terá uma chance de sobreviver e quem perderá a vida porque não há respiradores para todos. E não estamos falando apenas dos pacientes de coronavírus, mas também de vítimas de acidentes, cardiopatas, hipertensos, diabéticos, de pessoas com câncer e todos os demais. É difícil ficar em casa, pior ainda não receber salário ou perder o emprego, mas tudo isso pode ser remediado com esforço e dedicação se estivermos vivos. Então, perdão pelo clichê: enquanto existir vida, há esperança!