Quer você queira ou não acreditar em sinais, precisa admitir que agora vivemos algo deste aspecto místico; ou, ao menos, uma dura coincidência. Percebemos uma ironia do fictício elemento destino que a catástrofe climática que ainda castiga o Rio Grande do Sul se estendeu até o 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Como não se debruçar de maneira mais técnica sobre essa data, substituindo o sentimento festivo pela ação em busca de soluções?
Para sermos corretos, o evento mundial sempre foi norteador de debates, simpósios e discursos de alerta com faces sisudas, onde o desespero toma o lugar do meramente contemplativo. Estamos certos que boas intenções não faltavam. O que falta é atitude, e que seja de forma decisiva. Se ao menos o mundo corporativo tivesse a humildade de voltar seus olhos, e sua consciência, para o mundo cooperativo, sobretudo da Agricultura Familiar com viés de cultivo orgânico. Certamente alguns passos muito mais importantes seriam dados em setores que a mudança é possível e é simples.
Um exemplo que é modesto, porém mais eficaz do que qualquer programa institucional, está nas páginas 8 e 9 desta edição. Os produtores rurais da Companheiros da Natureza fazem a diferença em seu mundo. Na verdade, em nosso mundo; ainda que os resultados de suas boas práticas fiquem limitadas às suas lavouras e em um pequeno raio na vizinhança rural. Para que este sistema de agricultura ecológica reverta a degradação da Natureza em nível planetário, seria preciso que todas as propriedades rurais, uma ao lado da outra, lhe adotassem.
Ao menos organizações como a Companheiros, fortemente alicerçadas pela Emater, garantem a opção de comida saudável em nossa mesa. Saber que ao morder um gomo de bergamota não está engolindo um veneno que contém princípio ativo semelhante ao Agente Laranja é um alívio. Mas ainda mais conforto traz saber que em um pequeno setor de nossa comunidade não estão sendo mortas abelhas, borboletas e plantas silvestres importantes na cadeia do Meio Ambiente.
A mudança de realidade perseguida por cientistas e ambientalistas é de, ao menos, um setor de produção de alimentos saudável. O restante dos meios produtivos poluentes está em horizonte tão distante que cria o desanimador quadro do irreversível. Mas não podemos simplesmente desistir de lutar pela vida.