O Brasil se lança nesta semana em mais uma jornada pela Saúde, com a Campanha Nacional de Multivacinação e contra a Poliomielite (paralisia infantil). Como o foco da proteção são as crianças pequenas, a mensagem é totalmente direcionada aos pais e responsáveis. Há algum tempo, inclusive antes mesmo da pandemia de Covid-19, o país tem observado um retrocesso cruel, puxado por uma negação à Ciência e enfatizada na ignorância dos adultos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima-se que 700.000 crianças não tomaram nenhuma dose da “tríplice bacteriana” – contra difteria, tétano e coqueluche. Esse é um triste cenário em nível global, onde 18 milhões de crianças estão na mesma situação. Ao redor do mundo, 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas, e o Brasil está entre os dez países que lideram esses números.
E diante desta constatação nossa vergonha é ainda maior. Isso porquê, a soma de números mundiais considera países de extrema pobreza, abalados por catástrofes ou guerras, e que têm uma saúde quase totalmente privatizada. Já o Brasil tem como seu “case” de sucesso o Sistema Único de Saúde (SUS); responsável pelo esquema nacional de vacinação, em cumplicidade com os Estados e prefeituras. Uma fórmula que havia erradicado definitivamente a paralisia infantil, e outras doenças da infância que deixam sequelas pela vida toda.
E é simplório dizer que estas vitórias pagam seu preço, pois a ausência das doenças acomodou os adultos. A verdade é que os pais fecharam os olhos às informações constantes dos médicos, preferindo ariscar a integridade dos filhos em nome de teorias estapafúrdias. Essa postura irresponsável faz esquecerem inclusive que cometem um crime, pois são obrigados a levar as crianças para receber prevenção, no mesmo nível que devem providenciar socorro médico urgente; além de educação, alimentação e moradia.
Uma criança não pode escolher e o adulto sequer deve escolher por ela. Até dia 9 de setembro, os brasileiros têm uma missão de amor e respeito. O acesso aos locais de vacinação é fácil, os imunizantes são seguros e tudo isso é gratuito – graças aos impostos que todos nós pagamos. Diante de tudo isso, a recusa de salvar a vida do seu filho não passa de um crime.