Nos últimos dias está em pauta a força coletiva das comunidades periféricas, capaz de impulsionar mudanças. O foco esteve voltado ao urbano e suas necessidades. Nesta edição, o Ibiá volta sua percepção ao interior de Montenegro, informando aos seus leitores a respeito da união que leva água fresca em Santos Reis.
A natureza e o ar bucólico de uma vida tranquila no campo diz mais respeito a uma projeção romântica e esperançosa de quem vive na cidade. Na vida real, a zona rural também tem mazelas, riscos e limitações; que pedem atenção do poder público e organização dos moradores. Também as famílias do interior devem assumir seu protagonismo, colocando-se em linha de frente para exigir e fiscalizar. No meio rural, este senso coletivo brotou há muito tempo. Não por acaso a Associação de Integração Santos Reis, responsável pelo sistema de captação, tratamento e distribuição da água, tem 22 anos. Certamente dois fatores contribuíram para essa característica.
Primeiro, a distância das cidades – onde as decisões são tomadas e aquilo que está à frente dos olhos recebe mais atenção –, somada à falsa percepção que em meio à natureza tudo é perfeito. Muito cedo essas pessoas perceberam que deveriam se organizar, nem que fosse tendo no cerne as sociedades culturais e de canto. Essa força foi ampliada com o trabalho de entidades técnicas, como a Emater e o Senar; e de organizações sociais, como os sindicatos de trabalhadores rurais.
A conquista de Santos Reis é apenas um exemplo. Outras comunidades também são as responsáveis por terem água pura e fresca nas torneiras. Bom Jardim é um exemplo, todavia ofuscado pela longa espera para que a Prefeitura finalize a instalação dos reservatórios do novo poço.
Aos moradores de um município cabe as regras de boa convivência, de respeito às leis e adimplência com suas responsabilidades financeiras. Mas em uma regra mais abrangente, cabe ainda a missão de união e luta pelos direitos.