Uma epidemia de outras doenças

Em 2021 o mundo terá de enfrentar uma gravíssima epidemia. Não se trata da continuidade da Covid-19 – há esperança de que a descoberta da vacina coloque fim a este sofrimento ainda em 2020. Mas as autoridades médicas alertam para um reflexo preocupante. É que o temor, natural até, de ir aos hospitais e demais serviços de saúde, tem feito cair muito a procura por exames e tratamentos médicos em diversas áreas. Da mesma forma, acompanhamentos com profissionais de áreas como psicologia, fisioterapia ou nutrição, por exemplo, estão sendo abandonados, desde março.

Quem trata uma depressão não pode deixar de ter o acompanhamento profissional sem que mais à frente pague o preço disto. E é provável que, em médio prazo, enfrentemos uma super demanda por esses profissionais, justamente porque ficou refreada, somando-se às perturbações decorrentes deste período de isolamento. Mas saúde não é algo que possa esperar.

Estima-se que, ao menos, entre 50 mil e 90 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de Câncer, nos dois primeiros meses de pandemia. Este é o mais preocupante dos cenários. Afinal, quando o paciente já tem o diagnóstico, mesmo que um exame ou etapa do tratamento tenha de ser adiado, isso ocorre com anuência e acompanhamento do médico. Mas quando os exames não ocorrem, o paciente está completamente no escuro e, lá adiante, quando souber da doença, ela pode estar avançada demais para haver chance de cura.

Ninguém está dizendo para ir aos hospitais sem necessidade. Este é sim um ambiente que exige maior cuidado na circulação, não apenas por receber pacientes com o coronavírus, mas, também por haver grande circulação de pessoas. Mas, havendo necessidade, as casas de saúde devem sim ser o destino da população, e não apenas no que diz respeito às questões oncológicas. Problemas cardíacos, renais ou circulatórios – entre outros tantos – podem evoluir de forma grave quando o paciente não recorre ao serviço especializado. Tenhamos bom senso e cuidados de higiene. É preciso ficar em casa, mas, por questões de saúde, é necessário sair. Ou o preço da falta de medidas preventivas será alto demais.

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