Confesse. Por muito tempo, você achou que a corrupção era uma doença característica dos políticos. Que o vírus era capaz de distinguir entre congressistas e pessoas comuns e que o segundo grupo, salvo exceções, estava imunizado contra a moléstia. A cada dia que passa, porém, fica mais claro que a corrupção é endêmica e que se instalou na sociedade brasileira como um todo. Está lá, latente, à espera apenas de uma boa oferta para eclodir em úlceras de safadeza e dissimulação.
A descoberta de um novo esquema ilegal para a venda de carne estragada, que envolve empresários donos dos maiores frigoríficos do país, com a participação decisiva de fiscais pagos pelo contribuinte, é mais um prova de que o Brasil está doente. Já tínhamos visto isso muitas vezes, por exemplo, na comercialização do leite. Alguns produtores e industriais adicionavam até mesmo soda cáustica ao produto que damos aos nossos filhos, para maquiar a sua degradação. Da mesma forma, muitas verduras e legumes à disposição do consumidor possuem concentrações absurdas de agrotóxicos, por conta da ação e da omissão criminosa de fiscais e órgãos públicos encarregados desse controle.
Nestas horas, não sabemos muito bem o que fazer. Parece que a honestidade se perdeu em algum lugar entre o lucro fácil e o descaso para com a saúde das pessoas. Solução? Existe, mas ela requer uma refundação do país, sobre bases éticas sólidas, com punições exemplares e uma legislação que tenha vida além das páginas em que foi escrita. Não é fácil e depende que cada um. Do seu modo, grite, com toda a força que tem: CHEGA!