Um bom debate

Na reunião ministerial de 22 de abril, que se tornou pública na sexta-feira após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foram discutidos vários assuntos que não têm relação com as mudanças no comando da Polícia Federal. Como a pauta principal era a suposta tentativa de encobrir crimes praticados por familiares do presidente Bolsonaro, alguns temas importantes acabaram marginalizados pela mídia. Entre eles, uma proposta de legalização do jogo no Brasil, defendida pelo ministro do Turismo.

Num dos momentos do encontro, Marcelo Álvaro Antônio disse ao presidente Jair Bolsonaro que, dentro do plano de retomada econômica do Brasil, uma alternativa importante seria a permissão para a construção de “resorts integrados” no país, com a existência de cassinos nos estabelecimentos. Segundo ele, o país tem condições de atrair pelo menos 40 bilhões de dólares só de outorgas, de investimentos imediatos. A ideia é atrair investidores para regiões de economia deprimida, onde o dinheiro das apostas e os impostos poderiam gerar empregos e renda, como Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.

A discussão ainda não avançou porque têm a antipatia de setores mais conservadores do governo, representados, entre outros, pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Para ela, trata-se de um “pacto com o diabo”. Seu colega da Economia, Paulo Guedes, usando o linguajar que foi a tônica do encontro, revidou: “Ô, Damares. Deixa cada um. O presidente fala em liberdade. Deixa cada um se f… do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se f…, pô! Lá (cassino) não entra nenhum brasileirinho desprotegido”.

Excluindo o fundamentalismo religioso e o vocabulário chulo, o debate é interessante e talvez deva ser estendido à sociedade. Por lei, a jogatina é proibida no país, mas ocorre em quase todas as cidades, escondida e mascarada. Bingos e salas de apostas – nem tão longe dos olhos das autoridades – são mais comuns do que se pensa. Liberar a construção de resorts em torno de cassinos em alguns pontos do Brasil pode, sim, tornar-se um bom negócio. Especialmente se houver fiscalização e o tributo realmente chegar à população através de serviços de qualidade. Joga quem quer e pode.

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