Transparência resolve conflitos

Novamente o Hospital Montenegro 100% SUS é alvo de reunião e pedidos de esclarecimentos. Dessa vez, levantados números de atendimentos, fila de espera e valores repassados, secretários de saúde da região discutiram a demora dos atendimentos a serem prestados e as negativas da casa de saúde. Somente em Montenegro, 700 pacientes aguardam por cirurgias gerais, sendo que, destas, mais de 500 são de vesícula e hérnia. É de conhecimento geral que os atendimentos eletivos foram impactados pela pandemia de Covid-19, que onerou a saúde pública e exigiu a realocação de esforços para o atendimento desses pacientes. No entanto, os casos de Covid já estão controlados há meses e as filas de espera parecem não reduzir.

O Hospital Montenegro é, sim, uma entidade privada. No entanto, presta serviços de primeira necessidade à população e, pela sua característica 100% SUS, é mantido por recursos públicos, o que caracteriza a necessidade de prestação de contas. Independente de quem peça – prefeitura, Estado ou Governo Federal – a transparência deve ser atendida para que o principal financiador dos serviços seja devidamente informado: o cidadão. Cabe ao Hospital abrir seus dados e, se não há o que esconder, por fim às discussões, através da transparência de informações – sobre recursos recebidos e custos de manutenção e procedimentos.

Mas, se não há essa boa-vontade em esclarecer as dúvidas de forma satisfatória ou, se há questionamento quanto a alguma perseguição política, cabe aos órgãos superiores intervirem e exigirem os esclarecimentos. Por que não realizar outra auditoria, a exemplo daquela feita no início dos anos 2000, quando lideranças da comunidade questionaram a administração da época?

É, sim, justo que o Hospital receba pelos atendimentos prestados. Afinal, há profissionais a serem pagos e uma grande – e cara – estrutura a ser mantida. Mas também é importante que o destino dos recursos aportados seja conhecido. Ao exigir que as prefeituras custeiem o Pronto Socorro, a direção do HM está no seu direito, o que não significa que não precise prestar contas à população. É procedente que os gestores públicos levem a situação ao Ministério Público, órgão adequado para fazer as averiguações ou diligências necessárias para resolver finalmente este imbrólio que se arrasta há vários anos.

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