Para aqueles que não tinham ideia, o Jornal Ibiá traz nesta edição a informação de que Montenegro tem sim moradores de rua. A reportagem reforça ainda que há uma rede de atendimento, que é alicerçada no Recreo e com trabalho dos servidores ligados às secretarias de Municipal de Desenvolvimento Social, Cidadania e Habitação e de Saúde. Um número reduzido, mas que não deve ser ignorado. Na verdade, deve ser monitorado para que não se amplie.
Esse cuidado deve-se ao fato que o Rio Grande do Sul revela um declínio humano considerável. Mais exatamente, 14.829 adultos vivem em situação de rua, segundo estudo comando pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). Este dado deve ser lido com espanto, despertando em seguida indignação, especialmente nas mentes que imaginavam que vivemos em uma terra muito diferenciada.
Ao analisar os motivos, logicamente se deve levar em conta o fator livre arbítrio, sendo que haveria uma suposta escolha pela vida ao relento, frio e submetida a toda ordem de violência. Talvez não haja na vida destes moradores de rua uma segunda alternativa, seja diante do fracasso financeiro ou do vício. Quando um ser humano se sente tão descartado ao ponto de ser invisível à sociedade, sua perspectiva de sair da realidade, por mais degradante que ela seja, se esvairá. Assim, o que era sofrimento se torna cotidiano.
Mas por mais que haja explicações para este cenário, que muitas vezes são consideradas pelo cidadão simplesmente por comodidade, fica no ar aquela pergunta se não estão ali vítimas de sistemas excludentes. Fica simplório apenas colocar a culpa no morador de rua, e deixar de questionar qual a forma de retirá-lo desta situação. Riqueza para reintegrar essa população não falta, assim como processos para retirá-los da indignidade. Sem este atitude é impossível chamar de escolha quem dorme na pedra de uma calçada e sob uma marquise.
Para quem se sente realmente perturbado por essa informação há diversas formas de ajudar a mitigar esse sofrimento. Desde os órgãos governamentais que realizam campanhas do agasalho e de arrecadação de alimentos, até ONG’s e organizações mais populares e focadas, tais com a Cáritas e as pastorais. Até porque não cabe a nos julgar e classificar a situação como punição, sem sequer saber da culpa.