Sobre proximidade

O grau de preocupação que determinado assunto desperta é algo individual. O que é crítico para alguns, para outros não é. É assim na economia, por exemplo, onde a alta do preço da gasolina impacta mais sobre algumas famílias que em outras. Mas existe um critério que vale para tudo. É a proximidade. Dores que atingem a minha comunidade, que me tocam de alguma forma, mesmo que mundialmente sejam ameaças menores, localmente são mais importantes.
É difícil, sob esse ponto de vista, compreender que, ao mesmo tempo, os brasileiros estejam curiosos sobre o coronavírus, agora denominado Covid-19, enquanto mortes são registradas aqui mesmo no Brasil por doenças com vacina disponível, como é o caso do sarampo. O coronavírus é, obviamente, uma preocupação mundial e, considerando o tráfego atual de pessoas, é claro que uma nova doença, sem vacina ou tratamento, não pode ser encarada unicamente como uma crise local. Mas faz semanas que o novo vírus asiático entrou no radar mundial e, no Brasil, não houve nenhum caso confirmado.
Enquanto isso, só em Santa Catarina, nosso estado vizinho, já são três casos de febre amarela e tem muita gente, aqui do Vale do Caí, fazendo as malas para ir passar o Carnaval no litoral catarinense sem ter feito a imunização. Ontem o Rio de Janeiro confirmou que um bebê de apenas 8 meses morreu por sarampo. Fazia 20 anos que o estado carioca não registrava um óbito por essa doença, que já esteve erradicada no Brasil, mas que hoje volta a fazer vítimas porque a prevenção deixou de ser prioridade para os pais e responsáveis. No RS, em 2019, foram 76 casos de sarampo, sendo que 70% das vítimas não eram vacinados ou não tinham tomado a segunda dose da vacina. Em 2020, já são 18 casos. Em Montenegro, é importante destacar, não tivemos nenhum caso em 2019 ou 2020.
É óbvio que devemos, enquanto nação, nos preocupar com o Covid-19 e tomar as iniciativas possíveis para blindar o Brasil. Mas poderíamos deixar isso nas mãos das autoridades e cumprir com o que está ao nosso alcance na contenção de doenças que são um risco bem mais presente. E isso não diz respeito apenas à vacinação. Manter o pátio limpo e sem água parada, por exemplo, mantêm afastado o risco da febre amarela, da dengue e de vários outros perigos. Cada um fazendo a sua parte, manteremos a população bem mais saudável.

Últimas Notícias

Destaques