Sobre não ignorar

Quantas vezes você viu alguém em situação de vulnerabilidade social? Uma pessoa procurando comida no lixo do seu prédio? Uma criança sem o casaco adequado no inverno? Alguém em sofrimento emocional, precisando ser ouvido? Quem lhe pede um trocado na esquina? Um animal abandonado? Agora questione-se sobre em quantas destas oportunidades você estendeu a mão e em quais delas você desviou o olhar e deixou para atrás a cena, que considerou triste, mas não o motivou o bastante para mudar a vida de alguém, mesmo que só por um instante.
Foi lançada nesta quarta-feira, durante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha da Fraternidade de 2020, abordando justamente isto. O tema deste ano é Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso. A campanha será voltada a chamar a atenção contra atitudes de indiferença e violência em relação à vida. Talvez neste momento você esteja pensando que não consegue agir por todos. Mas não agir por ninguém tem algo de melhor? Esconder-se atrás de desculpas que nada resolvem é ignorar o outro, fingindo que não vê a sua dor, a sua fome ou o seu sofrimento.
A reflexão provocada pela CNBB é a de que todos, sem exceção, podem e têm condições de fazer algo por alguém. Este ato pode sim ser fruto de uma renúncia financeira. Abrir mão de uma peça de roupa – em bom estado, que você ainda usaria – ou deixar de comprar algo para si e investir o dinheiro, por exemplo, na aquisição de uma cesta básica e doá-la para quem necessita são exemplos. Mas há outras formas. Alguma vez você já doou seu tempo a alguém, sem esperar nenhuma retribuição? Algumas vezes, uns instantes ouvindo, sem julgar nem oferecer opinião, podem salvar a vida de alguém ou evitar a destruição de um núcleo familiar.
Se a Campanha da Fraternidade não conseguir convencer você a exercer o altruísmo nem o fizer pensar no próximo em alguns momentos do seu dia, tente, pelo menos, não julgar aqueles que o fazem. Não é incomum noticiarmos boas ações e, nas redes sociais, vermos comentários no mínimo desrespeitosos. Um cãozinho deficiente adotado? “Ora… por que não adotam uma criança?”. Uma bombeira voluntária auxilia a impedir um suicídio? “Se quisesse mesmo se matar, tinha feito”. Será que aqueles que pensam coisas desse tipo, e externam o pensamento, exercitam a compaixão pelo próximo? Se cada um fizer a sua parte, algum dia teremos uma sociedade melhor para todos vivermos.

Últimas Notícias

Destaques