A expressão “só por hoje” é muito conhecida entre os frequentadores de grupos de Alcoólicos Anônimos (AA) ou similares. Faz todo o sentido. Afinal, não existe ex-alcoólatra, mas sim um alcoólico sóbrio. O tratamento é constante e depende – muito – do desejo de cada um em mudar uma situação, mas não só disso. Nos casos mais extremos, o alcoolismo leva a casos de violência familiar, abandonos do lar e a inúmeros problemas graves de saúde. As administrações públicas e a comunidade podem e devem ajudar.
Nenhum pai deseja que o filho se torne um alcoólatra que agride a esposa após beber além da conta. Mas, talvez, se ele não tivesse sido apresentado tão cedo à bebida – a espuminha da cerveja ou o açúcar que resta da caipirinha são exemplos clássicos – o enredo dessa história poderia ser menos sofrido. São escolhas que parecem inofensivas, mas que depois podem gerar resultados trágicos na vida das pessoas. Estamos em terra onde o chopp e a cerveja estão ligados à cultura local. E não há nada de errado nisso. Mas existe uma diferença gigantesca entre apreciar uma bebida entre amigos e familiares e descontar nas garrafas as suas frustrações.
Ter em Montenegro instituições como o Grupo Ibiá de Alcoólicos Anônimos, que está completando 40 anos, é de grande valor para trazer de volta à sociedade aqueles que, por conta do vício, perderam tudo. Muitas vezes abandonados pela família, que já não sabe como lidar com os impactos do alcoolismo dentro do lar, é no AA que os membros – homens e mulheres – encontram alguém disposto a ouvir, oferecer força e esperança. Lá, saber que alguém está há semanas, meses ou anos sem colocar álcool na boca faz com que se crie força. E se recaídas ocorrerem? Bom, então a contagem começa do zero. Sem vergonha nem desistência. É assim, quantas vezes forem necessárias. E sempre com o apoio dos Alcoólicos Anônimos. Essa certeza nós temos.