Desativados há mais de um ano, os pardais das estradas estaduais gaúchas ainda devem demorar um pouco para voltar a funcionar. Azar dos bons motoristas, que cumprem as regras de trânsito e são obrigados a dividir a estrada com gente sem a mesma preocupação. Ou, pior ainda, com condutores que não têm o mínimo de prudência e pisam fundo para chegar mais rápido ao seu destino e temperar a viagem com um pouco de emoção. Para estes, quanto mais demorar, melhor.
Pelo contrato assinado entre o governo do Estado e as empresas que venceram a disputa para prestar o serviço, os equipamentos deveriam estar em funcionamento desde 28 de junho. Na ocasião, a Perkons, responsável pela instalação em 68 faixas de tráfego de sete rodovias, havia pedido prorrogação de prazo por 30 dias. Relatou ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) que vinha enfrentando dificuldades por causa das restrições impostas pelo coronavírus. A pandemia trouxe a falta de equipamentos no mercado.
O novo prazo venceu dia 27 de agosto, porém a empresa voltou a pedir adiamento. As contratadas alegam também falta de mão-de-obra; a impossibilidade, no momento, de aferição por parte do Inmetro e dificuldades no fornecimento de energia elétrica por fornecedoras e concessionárias. Outra empresa, a Fiscal Tech, deveria iniciar as operações em 7 de agosto, mas também pediu prorrogação para começar a monitorar sete rodovias com 25 faixas de tráfego.
Os contratos terão validade de dois anos, podendo ser prorrogados por igual período. Serão investidos R$ 5,8 milhões neste período. O desligamento completou um ano em julho. Os pardais serão colocados no mesmo lugar onde estavam instalados. Também serão colocadas câmeras de monitoramento e dispositivos de leitor automático de placas (OCRs) capazes de registrar as placas dos veículos e identificar carros e caminhões roubados, por exemplo.
É verdade que a pandemia do novo coronavírus impôs restrições a praticamente todos os setores da economia. De qualquer forma, o monitoramento da velocidade nas estradas gaúchas deve ser considerado um serviço essencial. Quanto menor o controle, maiores os riscos de acidentes, mais pessoas ficarão incapazes ou morrerão entre as ferragens. São bons motivos para correr atrás de soluções.