Vivemos tempos obscuros. Na política, na educação, no convívio social e até no respeito às diferenças. Tempos em que cada um defende sua própria verdade, desmerecendo as opiniões contrárias e tratando tudo aquilo que é diferente com agressividade.
Nesse universo – real e virtual – de distopias criadas a partir de verdades absolutas e incontestáveis (quase dogmas na visão de quem as cria), o jornalismo tem um papel de crítico social e deve, mais do que em qualquer outro momento da história, priorizar a publicação daquilo que alguém não quer que seja divulgado.
Certa vez, Érico Veríssimo citou um episódio em que, quando menino, foi chamado a segurar a lâmpada enquanto um soldado operava um homem muito ferido e com o rosto retalhado. “Eu sentia medo e náusea, mas não larguei a lâmpada. Acho que a nossa tarefa, como escritor, é esta: com medo ou não, segurar a lâmpada acesa para deixar que apareçam as injustiças do mundo”, disse o escritor gaúcho.
Eis o papel do jornalismo na atualidade: lançar luz sobre aquilo que é obscuro e tratar de forma didática o que parece ser de difícil compreensão. É fundamental que o jornalista fale diretamente com o povo, afinal, em um mundo cada vez mais digitalizado, qual o papel da imprensa, se não estar dia a dia ao lado do leitor? Traduzir em reportagens as críticas sociais e buscar respostas para o que aflige a população é, sem dúvida, uma das tarefas mais importantes do fazer jornalístico.
Trabalhamos incansavelmente para garantir que a luz paire sempre sobre as mazelas. Mesmo que falte energia elétrica, que o caminho esteja esburacado ou que haja risco de tudo ir por água abaixo, manteremos acesa uma vela ou um lampião. A lâmpada da informação não pode ser apagada.