Os gaúchos, de todo o Brasil, estão em clima de Semana Farroupilha. A Centelha foi acesa e distribuída às entidades tradicionalistas do Vale do Caí, sendo um símbolo de energia flamejante que iluminará os pensamentos de prendas e peões. Assim como nas comemorações da Independência do Brasil, o fogo surge carregado pelo povo, remontando à ancestralidade da humanidade. Em torno do fogo as tribos se reuniam para celebrar, discutir e partilhar; e com o domínio deste elemento da natureza o “homem” definiu suas características como espécie.
Assim deve ser compreendida a Chama Crioula, em sua essência simbólica de união na Semana do Gaúcho. Os festejos propostos não são unicamente pela guerra, que é outra postura dos seres humanos, todavia essa embebida no sangue de irmãos e que desperta unicamente dor e perdas. Ainda que a história relate luta pela liberdade e pela igualdade, os resgates intelectuais mais minuciosos revelam interesses privados e particulares, tendo como objetivo uma ascensão ao Poder.
Mas ao tradicionalista que no 20 de Setembro veste a bombacha com vaidade e carrega a bandeira Riograndense com orgulhoso, este “chasque” pormenor passa “a lo largo” de seu desejo. A clareza que precisa ter o “vivente” é de que o Dia do Gaúcho representa muito mais do que um episódio, ainda que épico do ponto de vista da resistência imposta ao Império.
As reuniões em galpões, estâncias e na avenida são para celebrar cada mulher e homem que forma este estado; com miscigenação e influências que vão do Prata aos Andes; e que chegaram em navios, por sua vontade ou obrigados. Damos vivas aos que mantiveram desenhadas essas fronteiras quando órfãs do Poder Central; que ergueram cidades sob a mira de antigos inimigos – hoje hermanos –; que nos deram o legado da criação de gado e da agricultura. Estes dois seguimentos Primários que, inclusive, continuam até hoje no alicerce da economia do Rio Grande do Sul.
Cada dia que um gaúcho se põe em pé ao nascer do sol para “pelear” em sua lida, ali está o Rio Grande do Sul real. E se ainda tiver tempo para cevar um mate amargo, então – que saiba – o povo originário está sendo devidamente celebrado.
O churrasco, o galeto com polenta, o feijão mexido, o vinho e o chopp, a cuca com linguiça; e as danças e ritmos tocados nos bailes. Todos são ingredientes formadores do Gaúcho, oriundos de outros povos e grupos étnicos variados. Somos todos muitos e tão diferentes, mas capazes de reencontrar-se iguais sob a luz da Chama Crioula.