O fato é que a maternidade foi romantizada, colocando a mulher em um tipo de período festivo e tirando das pessoas no entorno da gestante a seriedade que é necessária. A realidade de uma gravidez está ligada ao fenômeno biológico de gerar outro ser humano dentro de si. Está carregada de responsabilidades que, primeiro, subtrai nove meses da vida desta mulher, que muda seus hábitos em prol do desenvolvimento do filho. Então começa o pós-parto, e ela é transformada na matriarca perfeita, única encarregada pelos primeiros dias de vida do bebê, como se mais ninguém tivesse o mínimo de conhecimento – ou pudesse aprender – sobre os cuidados primordiais.
O resultado desta pressão física e mental é o estresse pós-parto, prejudicial à mulher, mas também à criança. Inclusive há fatores psicossomáticos decorrentes dos primeiros dias de gravidez, que poderiam facilmente ser amenizados. Algumas vezes, tudo que a mulher precisa é de companhia e compreensão. Precisa de apoio que se revele através da demonstração de interesse sobre o que ela está pensando, o que está sentindo diante de todas aquelas transformações e experiências sensoriais. Também precisa da compreensão e auxílio nas tarefas mais básicas, como alguns minutos de cuidados com o bebês para que ela possa dedicar-se a si mesma e reencontrar amulher que habita seu corpo.
Conversar é sempre uma ação fundamental; e essa atenção deve seguir após ela ter dado à luz. Tenhamos bem claro que a profusão de sentimentos que circula na psique da recém-mãe sai do seu controle. Pois não somente família a amigos são atores primordiais neste apoio à puerpera. Também as redes de saúde, especialmente a pública, devem aprimorar cada vez mais os serviços de assistência e divulgá-los como um direito da mulher. O cuidado com a saúde de mãe e filho começa no primeiro mês da gestação, e deve se estender pelo tempo que ela julgar necessário.