Se aqui em Montenegro foram “os guri”, os donos do discurso e das propostas que conseguiram conquistar a população. Pela região, em várias cidades, são as gurias que saíram vitoriosas. No pleito do último dia 15, eleitores de cinco, dos 20 municípios do Vale do Caí optaram por candidatas mulheres para comandar o Executivo a partir de 2021. Além disso, em 1º de janeiro, mulheres irão assumir como vice-prefeitas e vereadoras em municípios da região. Em todo o Estado, foram eleitas 37 prefeitas no primeiro turno e duas ainda concorrem no segundo. Há quatro anos, considerando os dois turnos, foram apenas 24 mulheres a assumir o executivo de municípios do Rio Grande do Sul. O crescimento, apenas considerando as já eleitas, já é de 54%. Quem ganha com isso? A democracia.
Não é que a gente desgoste de ter homens nos cargos de gestão. Temos sim bons (e maus) prefeitos e vereadores do sexo masculino. E algumas mulheres irão, certamente, se mostrar mais aptas e preparadas que outras. Isto ocorre com qualquer ser humano, independente do sexo. A questão é que as mulheres são maioria da população e merecem ser representadas em qualquer cargo, função ou profissão.
Recentemente o mundo recebeu uma lição importante ao ver Kamala Harris tornar-se a primeira mulher eleita ao cargo de vice-presidente na historia americana. Em sua primeira fala após eleita, ela afirmou que “será a primeira, mas, certamente, não a última”. O recado, claro, foi para alguém capaz de desacreditar na força de uma mulher obstinada. Gisele Adriana Schneider entra para a história de Maratá como a primeira mulher eleita. Mas ela não será a última. Juliane Maria Bender é a pioneira em São José do Sul. Mas não será a última.
Porque as mulheres vão avançar nesta luta, sem jamais permitir retrocessos. Em Montenegro, vale lembrar, essa história foi feita por Maria Madalena Bühler, prefeita entre 1997 e 2000, eleita com 58,53% dos votos. Ela também foi a primeira mulher eleita vereadora no município, mandato que exerceu entre 1983 e 1988.
Agora a população que as elegeu Gisele, Juliane e tantas outras precisa estar atenta para que elas sejam cobradas por serem administradoras. Fiscalizadas como gestoras. Observadas como cidadãs. O que elas não podem é ser julgadas por serem mulheres. A história mostra que, após eleitas, as mulheres precisam vencer uma série de barreiras simplesmente por serem do sexo feminino. Quando cometem um erro – não importa se seus antecessores homens tiveram deslizes semelhantes – são execradas. Chamadas de meras donas de casa – como se isso pudesse ser um xingamento justo – elas vêem a todos esquecerem suas lutas e acertos. Não pode ser assim. E você, cidadão, tem o dever de garantir o tratamento justo, deixando o machismo para trás na sua cidade. Assim, você estará fazendo história junto com elas.