A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, está preocupada com os tumultos que poderão ocorrer nesta quarta-feira, devido ao julgamento do habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em manifestação nesta semana, ela pediu para evitar o que chamou de “batalha campal” em frente ao tribunal.
Sua preocupação é compreensível e já era esperada, pois tanto os grupos adversários como aqueles que apoiam o pedido da defesa estão mobilizados. E as manifestações não se restringem a Brasília, sendo previstas em vários municípios brasileiros. Em seu pronunciamento, a ministra estimulou a serenidade e pediu respeito à democracia, à Constituição e às opiniões diferentes.
Palavras como essas ganham ainda mais valor quando se vive um clima de intolerância e intransigência que se percebe nas manifestações, em atos públicos e através das redes sociais. Os ataques durante a Caravana do ex-presidente pelo país já são um indicativo do que o desrespeito às diferenças de opinião pode provocar.
A linha do pronunciamento da ministra é a de que o povo pode discordar, protestar, pensar de forma diferente, mas isso não justifica partir para a intolerância e a violência. Aliás, assim é a democracia que tanto se prega e reivindica: liberdade de expressão a todos, ou seja, incluindo aqueles que pensam diferente de você.
O Brasil, no entanto, vive um período bastante delicado, em que a confiança no poder público e nos políticos é cada vez menor – para muitos brasileiros até já deixou de existir.