Neste dia 4 de novembro o Brasil deve olhar pra si mesmo, e assim reconhecer sua identidade. O Dia da Favela é sobre “brava gente brasileira”, suas qualidades, talentos e sua resiliência através da qual viraram o jogo. Favela, nada mais é do que comunidade, vila, bairro; sendo ainda mais técnico dizer que é um lugar onde vive gente, sendo que especialmente nelas vive muita gente.
Antes de qualquer coisa, é preciso resgatar a história, pois elas existem no Brasil há mais de 100 anos. Assim como outros fatores do cotidiano da Nação, seu surgimento foi gerado pela desorganização do estado e indiferença com as pessoas. Homens que foram levados para uma guerra injusta, onde reprimiram outras pessoas pobres, tirando deles sua liberdade.
Após cumprirem com êxito as ordens, estes soldados foram jogados à própria sorte; e julgados sob olhares discriminatórios. Uma postura de marginalização que se perpetuou através dos anos, ao ponto de torna-se adjetivo negativo, assim como o próprio termo referente à pessoa colocada à margem da sociedade foi tomado por aqueles que se sentem no direito de rotular.
Das injustiças concretizadas pela exclusão dos direitos mais básicos, surgiram pessoas inquietas que jamais aceitaram a condição na qual insistiram em jogá-los. Aos olhares petulantes, aqueles cidadãos escolheram viver no berço da miséria. Mas muito ao contrário, eles são o próprio resultado das desigualdades sociais, culturais, raciais e econômicas mais gritantes, impostas mesmo antes de alguém apontar as comunidades como um problema.
Sem encontrar muitas mãos estendidas para lhes apoiar, reconheceram suas características mais peculiares, encontraram talentos e a criatividade nascida daquela condição, e tornaram a comunidade em elemento real das cidades. Na favela está toda a vida dessas pessoas, que ali se encontraram como cidadãos que, desde sempre, contribuem com o desenvolvimento da coletividade. Ainda há muitos problemas na favela, seja dita a verdade, mas que ainda são geradas pelo descaso do Estado.
O reconhecimento mais justo é de que são comunidades de valor significativo, que não devem mais ser tratados à margem da vida urbana. Como diz o lema sustentando pela Cufa, “Favela não é carência, é potência!”.