Racismo é crime

É inaceitável que em pleno 2024 sejam cada vez mais comuns casos de crimes raciais ou apologia a tais práticas em nossa sociedade. Tal qual descreve o sociólogo Rogério Santos na reportagem da página 18 desta edição, a propagação de símbolos atrelados ao nazismo e racismo em um ônibus do transporte público de Montenegro é um retrocesso social.

Vivemos em um mundo conectado, em que mesmo aqueles mais rebeldes politicamente, têm acesso às informações necessárias a respeito de movimentos como a Ku Klux Klan ou as atrocidades cometidas pelo regime nazista durante o Terceiro Reich. E, embora a pichação de veículos coletivos seja, em geral, um ato de má educação e rebeldia adolescente, não se pode relativizar a propagação despreocupada de opiniões criminosas contra qualquer grupo étnico- racial ou religioso. O simples fato de usar o termo “niggers” em sua expressão, aponta que a pessoa sabia exatamente o que estava falando. Este é um verbete utilizado na língua inglesa para referir-se de forma pejorativa às pessoas negras, um insulto nem um pouco velado. O termo já foi, inclusive, alvo de discussão nos Estados Unidos, quando um grupo fez campanha para que o termo fosse retirado do Merriam Webster, o mais importante dicionário daquele país.

O mais preocupante é que este não é o primeiro caso de crime dessa natureza registrado recentemente em nossa região. Há menos de um ano, em março de 2023, um homem foi preso em Triunfo por circular com uma bandeira nazista presa em sua bicicleta. Isso sem contar os crimes de injúria racial cometidos com frequência, muitos que sequer chegam a ser denunciados.

Para além da repressão – que deve ser eficiente, vista a previsão legal de que os responsáveis por tais manifestações sejam punidos – é preciso reeducar a população. A sensação de que alguém é superior ao próximo por questão raciais, de classe, cor ou qualquer outro motivo, é criminosa, baixa e desprezível. E a conscientização deve ir além, já que, a despeito de qualquer descendência européia ou norte-americana, somos latino-americanos e, portanto, lidos como uma minoria racial pelo restante do mundo. Não podemos deixar que a nossa brasilidade seja apagada pela falsa idéia de uma branquitude que se sobrepõe à miscigenação característica deste País.

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