Não é segredo para ninguém que a maioria das doenças não consegue se instalar em organismos sadios e bem nutridos. E que se manter nessas condições implica em ter o mínimo para viver com dignidade: uma casa, alimentos suficientes, roupas e trabalho. Ajuda muito se a pessoa tiver fé. Esse conhecimento existe há mais de 100 anos e, ainda assim, não nos apropriamos dele como diretriz para as políticas públicas. Algumas poucas nações, mais evoluídas, já assimilaram a regra e trabalham com este norte. Não o Brasil.
A pandemia de coronavírus e seus efeitos podem ser uma novidade para muita gente, mas não para os cientistas. Há mais de duas décadas, eles vêm alertando os governos para os riscos de surgimento de doenças de alcance mundial, de contágio acelerado e potencialmente mortais. Com a globalização, em menos de uma semana, é possível ir ao Japão ou à Tailândia e voltar, trazendo na bagagem e nos pulmões milhões de microorganismos, entre os quais, toda sorte de vírus. Espalhá-los é muito fácil e rápido.
Já havia ocorrido isso com a gripe H1N1, também originária da China, em 2009. Na época, muita gente morreu, mas parece que as lições deixadas pelo episódio foram abandonadas quando terminou a contagem dos mortos. E por quê tudo de ruim parece iniciar por lá? Segundo os cientistas, porque trata-se da maior população do mundo, tornando a difusão extremamente rápida. O resto é preconceito e desinformação. Desde a H1N1, os pesquisadores tinham a convicção de que outra grande crise viria. Não foram ouvidos.
Da mesma forma, teimamos em ignorar o conhecimento quando se trata do aquecimento global. Assim como no surgimento da covid-19 muitos acharam que tudo não passava de uma gripezinha inofensiva, há quem considere a “febre” do planeta como algo irrelevante. Se não mudarmos de atitude e continuarmos ignorando a pesquisa, a vida na Terra se tornará cada vez mais difícil.
Agora que a pandemia está entre nós, resta enfrentá-la. E esta tarefa requer muito mais do que isolamento. Ela exige solidariedade, apoio aos que pouco ou nada têm. Aos que teriam mais chances de não adoecer se possuíssem o mínimo: casa, comida, roupas e trabalho. Já deu pra perceber que estamos tendo a chance de novamente apender uma velha lição?