Diga aí, leitor: qual foi a novela mais longa que você acompanhou capítulo a capítulo? Ela durou um ano? Talvez oito meses? Como a vida das pessoas também se acelerou, hoje as tramas televisivas são cada vez mais curtas. Mas isso diz respeito apenas àquelas histórias cujos vilões e mocinhos são personagens fictícios. As novelas da realidade são bem mais longas, quase intermináveis. E, o pior, nem sempre têm final feliz.
A novela de quem precisa de mamografia em Montenegro é longa, de enredo confuso e daquelas que ninguém mais aguenta acompanhar. Enquanto as mulheres precisam desse importante exame na luta contra o câncer de mama, um equipamento está parado desde 2015 no Hospital Montenegro.
Apenas tirá-lo da caixa já levou alguns anos. Agora ele até tem uma sala, mas não recebe pacientes porque falta o repasse do Governo do Estado para cobrir esse serviço, importante regionalmente, não apenas para Montenegro. Para completar o drama de quem não tem condições financeiras de pagar pelo exame, o “plano B”, que é o atendimento numa clínica prestadora de serviço, também falhou por problema na máquina. Resultado: o que já era demorado e difícil ficou ainda mais complicado.
Vale lembrar que essa atenção à mulher, tão primária, representa a prevenção, o tratamento precoce do câncer. Sem o exame, um diagnóstico tardio amplia os custos com o tratamento, que na maior parte dos casos é custeado pelo Sistema Único de Saúde e, o pior, reduz as chances de cura.
Quais os números mais importantes nesta equação? Os acompanhados de cifrões? Ou os que vêm junto das lágrimas das famílias? Respeito à mulher não é algo que importa apenas em outubro, quando os governantes tiram fotos com seus lacinhos cor de rosa no paletó, em alusão à campanha nacional Outubro Rosa. Ele deve – e precisa – ocorrer o ano todo.