Praça é um coletivo

Sempre que se fala de praça, a primeira consideração é que se trata de um espaço público, portanto livre; e de uso coletivo, portanto com limites. Posturas que dizem respeito ao convívio com demais frequentadores no local e, sobretudo, com a comunidade do entorno.
Sequer se discute o direito de ocupação destes espaços, que inclusive devem ter o acesso livre e a qualquer hora. Mas diante deste, cabe ao cidadão saber se portar, não promovendo na praça algazarra que faria dentro de casa. Ali é imprescindível considerar de que maneira suas atitudes afetarão o coletivo, para que a convivência não se torne tóxica e digna de boletim policial.

A relação conflituosa da comunidade de Montenegro com alguns frequentadores noturnos da praça Leonel de Moura Brizola se arrasta há mais de um ano, criando um clima de animosidade que agora já beira o risco das vias de fato. Diante disso, também é preciso questionar como chegamos a este ponto, de moradores acuados e frequentadores se sentindo perseguidos.

Propomos construir uma resposta a partir da análise antropológica do grupo noturno da praça. São todos jovens, adolescentes inclusive, que seguem o instinto primitivo de se reunir em tribos a partir de afinidades e em busca da afirmação social através da coesão de grupo. Sua identidade lhes garante um espaço na escala social. Não cabe nesta o inocente questionamento “onde estão os pais?”, pois, certamente em alguns casos, também é a pergunta daquele jovem, que prefere a companhia de seus similares à realidade do lar. Tem validade apontar a falta de opções na cidade; mas sem esquecer que, além do gasto para freqüentar balada todos os finais de semana, a praça lhe dá a exposição pública. O fenômeno vai muito além da diversão, representando um pertencimento.

Então, chegamos na situação dos moradores, que nada tem a ver com a busca de identidade deste atual grupo de jovens, tampouco com a falta de opções de lazer. Estes pagam para morar na área central, onde, inclusive, encontraram essa praça sem nenhum regramento de uso sustentado pelo Poder Público. É para garantir o direito deste grupo que as autoridades deverão adotar uma postura de ordenador do uso da praça, melhorando a estrutura e se fazendo presente, agora infelizmente, já através das forças de segurança. Neste caso parece que só a repressão vai resolver.

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