Em uma chuvosa sexta-feira de agosto de 2018, Montenegro escreveu um capítulo triste de sua história. O Cais do Porto das Laranjeiras já vinha há tempos dando sinais de que os maus-tratos recebidos e a ação do tempo estavam gerando problemas estruturais. Apesar deste ser um dos principais espaços de lazer da cidade e ter importância histórica, os avisos não foram levados a sério e, no início da tarde daquele dia 31, parte do Cais veio abaixo. E, com ele, um pouco da auto-estima dos montenegrinos.
Estamos caminhando para os três anos deste fato. E o que foi feito de lá para cá? Na estrutura? Nada. Outro trecho, mais próximo da Câmara de Vereadores, passou por uma revitalização, uma espécie de maquiagem. Deixou o local mais bonito, sem dúvida. Mas como está a “saúde” e a “segurança” daquele solo ninguém sabe. E agora, 2021, há trechos do Cais, conforme mostramos na edição de hoje do Ibiá que apresentam grandes rachaduras. Podemos daqui a algumas semanas ou meses estar, mais uma vez, lamentando um desabamento.
É preciso destacar que estamos falando aqui de três questões importantes. A primeira é a segurança dos frequentadores. Há pescadores que amanhecem por ali. Muitos moradores de Montenegro têm o costume de tomar mate e comer pipoca enquanto observam o Sol se pôr no Cais. Além disso, trata-se de um local importantíssimo se quisermos transformar Montenegro numa cidade interessante ao turismo. O Cais – junto do Morro São João – é das mais belas áreas da cidade.
E, atrelada às possibilidades turísticas, temos a terceira questão: é a história da cidade que se perde. O Porto das Laranjeiras é tombado como Patrimônio Histórico municipal. Somente por isso merecia mais recursos e respeito. Segundo o Movimento do Patrimônio Histórico de Montenegro, o embelezamento e também os reparos feitos a respeito de um deslizamento mais antigo, de 2015, causado pela retirada da vegetação, não consideraram as questões históricas.
A administração municipal atual diz que fará uma reforma estrutural em todo o Cais, mas não diz quando nem qual será a origem dos rescursos dessa grande obra. Enquanto isso, esperamos que a natureza ajude e o Cais do Porto das Laranjeiras consiga esperar.
