Os dados que fazem parte do relatório global da organização não governamental Oxfam confirmam uma triste realidade: a desigualdade socioeconômica é alta e crescente. O documento, divulgado na semana em que iniciou o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, revela que as 26 pessoas mais ricas do mundo detêm a mesma riqueza dos 3,8 bilhões mais pobres, que correspondem a 50% da humanidade.
Enquanto a fortuna dos bilionários aumentou 12% no ano passado, a metade mais pobre do planeta teve seu patrimônio reduzido em 11% no mesmo período. Intitulado “Bem Público ou Riqueza Privada?”, o documento chama a atenção para a necessidade de investimentos em serviços públicos, principalmente na educação e saúde, como forma de reduzir as desigualdades no mundo.
A alternativa parece óbvia, já que a educação é a base para o desenvolvimento da economia e do ser humano, o que naturalmente representaria melhor qualidade de vida e, portanto, mais saúde. Embora a obviedade, o que se vê no dia a dia são professores desmotivados pela falta de reconhecimento, tanto financeiro como em relação à importância dessa profissão. Essa situação, somada à falta de investimento nas escolas públicas, contribui para a desigualdade, pois aqueles que têm condições financeiras matriculam seus filhos na rede particular de ensino.
Outro aspecto que deve ser revisto, inclusive apontado no estudo, é a forma de tributação. No Brasil, a maior parte da receita tributária é arrecadada de forma indireta, através dos impostos embutidos nos preços dos produtos, pagos igualmente por ricos e pobres. Em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, quase 60% da arrecadação vêm de impostos sobre a renda e o patrimônio da população.
Desta forma, aqueles que têm melhores condições financeiras pagam mais impostos. Com essa fórmula, se os impostos forem aplicados de forma correta, todos terão direito a serviços de educação e saúde com qualidade.