Pelas nossas crianças

A eleição para o Conselho Tutelar, que ocorre neste domingo, nem de longe desperta a mesma paixão que a escolha dos novos prefeitos e vereadores, por exemplo. O número de candidatos é pequeno (17 em Montenegro) e as campanhas são modestas. Sem desmerecer o papel que os políticos desempenham na condução dos rumos de uma cidade, não é exagero concluir que há uma ligeira inversão de valores, provavelmente motivada pela falta de conhecimento da maioria das pessoas sobre o verdadeiro papel dos conselheiros. Eles são, sim, extremamente importantes.
Para quem tem dúvidas, o Jornal Ibiá traz hoje, nas páginas 8 e 9, além do serviço do pleito, duas histórias em que a atuação dos conselheiros foi decisiva. No primeiro caso, interferindo para manter um pai estuprador longe de sua vítima, a filha de apenas oito anos. No segundo, orientando a família de uma adolescente que estava ingressando no caminho sem volta das drogas. Além do atendimento imediato, nas duas situações, as meninas tiveram acesso rápido a médico e psicólogo, com o objetivo de reduzir os danos do trauma a que foram expostas. Os pais e responsáveis receberam orientações e puderam fazer o certo, o que faz uma grande diferença nestes momentos de angústia e medo.
A quantidade de procedimentos realizada pelo órgão ao longo deste ano mostra o quanto as situações de abandono, de violência e de drogadição são comuns entre crianças e adolescentes e afligem as famílias montenegrinas. Entre janeiro e setembro, o Conselho Tutelar fez 999 atendimentos, numa média de 111 por mês, ou absurdos 3,7 casos por dia. Ao órgão, cabe assegurar que os menores envolvidos tenham o apoio adequado nas instituições públicas e privadas, o que muitas vezes implica em arrumar lares substitutos nos casos de maus tratos e na internação, quando o adolescente comete uma infração grave.
São tarefas que não exigem apenas o domínio das leis, mas equilíbrio emocional, disciplina, bom senso, empatia e, sobretudo, muita humanidade. É lidar, todos os dias, com o que de mais triste a sociedade produz e buscar soluções em ambientes degradados pela violência, pelo abandono e pelo desamor. Por isso que a escolha deste domingo é tão importante. Cuidar dos menores é uma responsabilidade de toda a população e os conselheiros tutelares são os nossos representantes nessa desafiadora tarefa. Deixar de votar simplesmente porque não é obrigatório é virar as costas para aqueles que mais precisam da nossa proteção.00

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