Para aquecer o coração

O frio é lindo, gera imagens que merecem ser emolduradas. Mas é belo apenas quando visto pela janela, numa sala de estar aquecida pela lareira, com uma xícara de chocolate quente nas mãos e um panelão de sopa fervendo na cozinha. O frio, para quem passa necessidade, é feio, é doloroso e triste. Nessa semana, o Ibiá abordou a triste situação de quem passa frio, em vários contextos sociais.
Oferecemos espaço para que os índios instalados em Montenegro fizessem seu apelo por doações de roupas. Contamos a história de uma família que necessita de ajuda urgente, a ponto de correr o risco de perder a guarda de seis crianças. E, na edição de hoje, 5, falamos de quem teve na casa de passagem do Retiro Comunitário de Reabilitação Ocupacional (Recreo), no Centro de Montenegro, um lugar para escapar do frio da madrugada mais gelada do ano até aqui. Infelizmente, existem outras tantas histórias, tão tristes quanto, ainda por serem contadas.
Outra questão assustadora é a postura de alguns frente a essas histórias. Para certas pessoas, os índios têm mesmo que passar frio, já que “não querem trabalhar”, um comentário que mostra total desconhecimento sobre a história e a cultura indígena. Acreditam, ainda, que o Estado tem mais é que tirar os filhos do casal em necessidade, afinal ela já deveria ter feito laqueadura. Como se isso fosse a solução do problema para as crianças já existentes. Estas pessoas não pensam, por exemplo, que, na noite passada, enquanto tiravam do roupeiro aquele cobertor mais pesado, outros não tinham sequer uma meia para aquecer os pés. Tenhamos um pouco de humanidade com quem não tem nada. Ensinar a pescar é melhor do que dar o peixe, sem dúvida. Mas com fome ninguém aprende. Tremendo de frio também não. Vamos olhar em volta e, antes de reclamar das nossas dificuldades ou criticar os outros, estender a mão a quem precisa.

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