Palavras difíceis

Não adianta falar bonito, utilizando termos que ostentam conhecimento se a informação não for compreendida pelo público. Certo? Pena que nem sempre isso é observado por alguns setores da sociedade. Ao lançar o programa “Assistir” o governo do Estado afirmou que novidade traz “equidade” e “isonomia”, e alguns defendem o programa como algo que oferecerá uma espécie de “meritocracia” ao sistema de saúde. Outros fogem da palavra.

Equidade significa oferecer um tratamento mais justo a coisas diferentes. Neste caso, quer dizer que não é indicado tratar da mesma forma instituições de saúde diferentes, com características, portes e atendimentos distintos. Já isonomia é um princípio básico do direito e significa que todos os cidadãos são iguais perante a lei, ou seja, não deve haver distinção. Já meritocracia é um termo muito perigoso. Porque pressupõe conquistar algo por merecimento, por mérito, mas, muitas vezes é aplicada sem reconhecer o entorno. Um exemplo clássico vem da educação. Um estudante que passa no vestibular vence por mérito, certo? Mas será que os outros concorrentes tiveram as mesmas oportunidades para disputar a vaga em igualdade. A meritocracia é muito questionada por não levar em consideração as condições ímpares existentes na sociedade.

Esclarecidos os termos, você deve estar se perguntando se, no fim das contas, o Assistir é bom ou não. Isso depende do ponto de vista. Se o Executivo Estadual o vende como mais justo, para o diretor Executivo do Hospital Montenegro, ele deveria se chamar “desassistir”, já que tira recursos daqui. Já os hospitais da Capital não têm do que reclamar, ganharão bem mais dinheiro.

Nos parece muito claro que a gestão Saúde Pública precisa de adequações. Nem sempre o sistema funciona com a qualidade e a agilidade necessárias. Mas é preciso que todos sejamos vigilantes às mudanças e lembremos que os hospitais fora dos grandes centros, como é o caso do Hospital Montenegro e do Sagrada Família (de São Sebastião do Caí) precisam ser valorizados e isso deve considerar sim, por óbvio, o número de atendimentos prestados, mas, também, a qualidade do serviço e a importância de termos essas instituições referência perto de nós. Porque se considerarmos apenas números, por óbvio, instituições como a Santa Casa de Porto Alegre, irão se destacar. Mas não queremos apenas o atendimento, é importamte ele ofertado aqui, acessível à nossa comunidade e com a qualidade que o Sistema Único de Saúde deve oferecer sempre.

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