Ótimo, mas não para todos

Os brasileiros estão acompanhando atentamente cada passo dado para a chegada do 5G ao País. As perspectivas são ótimas. Afinal, é cada vez mais raro encontrar alguém que não dependa de internet para trabalhar, estudar ou simplesmente manter contato com as pessoas que ama. O 5G promete abrir portas para um novo mundo de possibilidades. A internet das coisas, com casas, carros, objetos ou roupas, por exemplo, com sistemas interligados e cheios de funcionalidades, é uma delas. Outra é a mudança que pode ocorrer na educação, com escolas conectadas e estudantes tendo salas de aula inteligentes à sua disposição. Seria o paraíso, não fosse a discrepância no acesso a tudo isso.

As comunidades do interior não podem sequer imaginar como será ter os benefícios do 5G porque nem mesmo o 4G ou o 3G funcionam bem. Em muitos casos, conforme mostra reportagem publicada na edição de hoje, nem mesmo o sinal de telefonia é minimamente aceitável, forçando os cidadãos a dependerem do velho telefone fixo. Sim, este telefone que para muitos é coisa do passado, é a única ligação de cidadãos, que pagam seus impostos igualmente aos moradores de grandes cidades.

Alguns não dão a devida importância ao fato argumentando que no interior sempre foi mais difícil o acesso à telefonia e, ainda, que a tecnologia não faz falta aos agricultores. Triste e atrasado posicionamento. Primeiro porque hoje a tecnologia oferece muitos benefícios ao campo, podendo tornar as propriedades muito mais produtivas. Além disso, isolar essas comunidades da tecnologia é aprofundar o problema do êxodo rural. As novas gerações não seguirão no interior e na necessária produção agrícola se não tiverem condições para crescer e se desenvolver. E é bom o cidadão urbano lembrar o valor do campo para a sua sobrevivência.

O 5G é um grande avanço e o Brasil não pode parar no tempo. Mas é revoltante ver o tema ser tratado sem considerar o interior. As muito bem emaranhadas legislações que liberam as empresas de oferecer o serviço no interior só existem em benefício dos grandes conglomerados e deixam o cidadão sem nenhuma alternativa. Enquanto isso, para muitos brasileiros, entre eles moradores do nosso interior, não importa o número de Gs. O sinal continua falho e incapaz de atender a necessidades que hoje são básicas.

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