Desde a madrugada do dia 24 de julho, a população do Vale do Caí espera por respostas. Nesta data, Thaiane de Oliveira foi morta com um tiro no peito dentro de casa, em Capela de Santana. Quem apertou o gatilho foi seu marido, um policial militar. Desde então, a comunidade busca entender como um homem treinado para proteger a sociedade, em casa, num momento de relaxamento, levanta da cama e usa a arma funcional para tirar a vida da esposa. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira, o delegado responsável pelo caso afirmou que, até segunda-feira, o inquérito sobre o crime deverá ser encaminhado pela Polícia Civil para o Judiciário, indiciando o marido da vítima por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar.
A família da vítima aguardava ansiosamente por este passo na investigação. Tanto que, na semana passada, apresentou uma carta aberta ao Governador, cobrando celeridade na investigação. Não esperamos menos das forças policiais. A sociedade, que depende e confia nos agentes da lei – sejam eles militares ou civis – acredita que este caso será esclarecido e que o indiciado responderá adequadamente pelo que fez. Caso contrário, o descrédito junto à população seria o resultado. Algo que ninguém deseja.
Aqui não está em discussão o risco envolvido na profissão de policial. Durante uma operação, quando o matar ou morrer está na equação, a pressão por vezes leva a ações fatais. Não é isto que a lei brasileira prevê. Nela consta que um policial é treinado para proteger a vida, sempre, mesmo que de um criminoso. Até porque o Brasil não tem pena de morte, apenas de reclusão. Neste caso, o policial não estava em serviço, mas em casa, com a esposa. Ele alega que a confundiu com um invasor na residência. Fato é que o suspeito deve ser tratado como um civil durante esta investigação e se ele teve ou não a intenção de matar apenas o inquérito poderá dizer. Este caso será acompanhado de perto pela família e amigos de Thaiane, pela imprensa e pela comunidade em geral, para que a justiça seja feita. O Vale do Caí espera por isso.