Na maioria dos seus discursos o prefeito Gustavo Zanatta tem dito que Montenegro só será uma cidade melhor quando conseguirmos formar um tripé: executivo, legislativo e comunidade. É interessante olhar a história em alguns conceitos que nos reportam à perfeição da tríade, ou trindade. O prefeito tem razão ao se referir à idéia. Primeiro porque o tripé é um aparelho de três pés ou escoras, sobre o qual podem ser apoiados diferentes tipos de objetos. Ele proporciona estabilidade contra as forças no sentido para baixo, as forças horizontais e os momentos em relação ao eixo vertical.
Por outro lado, a concepção da trindade foi cunhada por Jesus Cristo para exprimir a crença de que, em um único Deus, há três pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo. Foi definida pela primeira vez no primeiro dos concílios gerais da Igreja, o Primeiro Concílio de Nicéia, em 325. Esse concílio declarou que o Filho é da mesma substância que o Pai. Além disso, a doutrina trinitária professa a crença da existência de um só Deus, onipotente, onisciente e onipresente.
Há ainda o conceito desenvolvido pelo arquiteto romano Marcos Vitrúvio Polião. A Tríade vitruviana representa os três elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade), a utilitas (associada à função e ao utilitarismo) e a venustas (associada à beleza e à apreciação estética).
Mais recente, o tripé da sustentabilidade – ambiental, social e econômico – é formado pelas perspectivas do planeta, das pessoas e do lucro, ou seja, uma empresa deve ser conduzida visando à parte econômica, seus impactos ambientais e como ela se relaciona com seus colaboradores.
Voltando ao sonho do prefeito Zanatta, este tripé certamente leva ao desenvolvimento sustentável, com a participação de todos. Mesmo que os moradores tenham escolhido representantes, exemplos de participação popular se espalham pelo mundo comprovando a eficácia e a importância do envolvimento da coletividade. Há, infelizmente, uma fenda abissal a ser atravessada, porque vemos hoje uma realidade de que a maior parte das pessoas não deseja se envolver em questões coletivas, mas apenas nos seus interesses pessoais. Talvez, resultado da pandemia.
O primeiro passo, diz o prefeito, é a formação de associações comunitárias em todos os bairros. Hoje apenas seis estão organizadas, num total de 26 bairros. Um grande desafio que precisa de vontade e mobilização. Como nada neste mundo é impossível, fica a fé de que um dia Montenegro possa ser modelo de participação coletiva.