O tráfico está perto de todos nós

O tráfico de drogas deixou de ser uma preocupação apenas nos grandes centros urbanos e passou a tirar o sono das populações de cidades de pequeno e médio portes. Nas últimas, décadas o número de pessoas envolvidas com o consumo e a venda de entorpecentes cresceu de forma assustadora, trazendo consigo uma série de mazelas sociais, como o aumento da criminalidade e a desintegração de famílias. A fragilidade emocional, o despreparo para a vida, a ambição e até mesmo questões químicas no organismo celular dos indivíduos são apontados, em muitos casos, à sua escolha de “associar-se” ao tráfico. Por trás de cada novo registro existem histórias de vida que poderiam ter sido bem diferentes.

Duas frases costumam ser usadas por quem vê o tráfico de drogas de uma forma simplista, são elas: “A falta de oportunidades o (a) colocou nesse caminho” e “Ele(a) faz isso por que é sem vergonha, os pais fizeram de tudo por ele(a)”. É inimaginável a existência de uma razão lógica para que, principalmente, os jovens optem em seguir por caminhos obscuros e arriscados, dos quais muitos só saem quando morrem por overdose ou são assassinados. A questão é que, com ou sem justificativa para o ingresso no mundo das drogas, a sociedade sente os reflexos dessas escolhas erradas.

No “feriado” de Carnaval de 2018, um jovem de 16 anos, com várias passagens por tráfico, roubo e furtos, usou um simulacro para efetuar um assalto a um mercado no bairro São Paulo, em Montenegro. O dinheiro do assalto serviria para custear o vício. De família pobre e, talvez, a falta de oportunidades o tenham motivado a viciar-se e mais tarde virar ladrão. Outro caso, registrado na mesma ocasião, mostra que nem sempre o problema está na estrutura familiar ou na falta de chances. Uma mãe, vestida com o uniforme da empresa empregadora, foi até a DPPA após ser informada que o filho, de 21 anos, havia cometido um assalto a um idoso de 69 anos.

O valor roubado era de R$28,00, já o nível de vergonha, estampada no rosto da mulher ao perceber que a vítima do filho era um grande amigo do passado, é incalculável. Enquanto tentava se desculpar pelo feito do filho, a trabalhadora explicava que desde garoto ele apresentava um comportamento incompreendido pela família. Certa vez, aos 13 anos, ele voltou descalço da escola, pois vendeu seus tênis para comprar drogas. Também era comum furtar objetos domésticos e trocar por tóxicos. A mãe diversas vezes internou o filho em clínicas de reabilitação para dependentes químicos, mas quando recebia “alta” o jovem recaía.

Diferente das grande cidades, onde o tráfico é lembrado pela movimentação de armas e dinheiro, nos pequenos municípios temos “vítimas” sendo recrutadas para “trabalhar” pelo crescimento deste mercado. Talvez você nem tenha se dado conta, mas, o problema está aí, bem perto, e é de todos nós.

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