O mundo experimenta um histórico momento de involução. O impacto da tecnologia na comunicação trouxe lá seus benefícios, mas os efeitos nocivos têm se revelado muito mais fortes. As redes sociais, primeiramente havidas como palco de diálogo entre as pessoas, agora se veem enredadas por notícias falsas (fake news), calúnia, difamação, desrespeito, intolerância e toda sorte de problemas daí decorrentes. Fundamental, portanto, a Igreja Católica mover-se na tentativa de alertar a humanidade contra esse fenômeno destrutivo e propor reflexões acerca da essencialidade da verdade e do jornalismo profissional.
O bispo Dom Carlos Rômulo chama a atenção para o risco a que estamos submetidos e também para as consequências já em curso causadas pelas fake news. Ouvir, ponderar e questionar, diz ele, são precauções que devemos tomar diariamente para não sermos propagadores nem vítimas da boataria, que inunda computadores e celulares e, por conseguinte, cria bolhas e barreiras entre as pessoas.
Neste contexto, o espaço público se tornou insuportável pelos excessos. A comunicação interpessoal muito tem se pautado pela ausência de responsabilidade no trato com a opinião, o juízo e os fatos. Na esteira desse costume vem o medo, a indução à violência e até à perda da fé, como bem ponderou Dom Carlos Rômulo. A saída é o combate permanente às fake news, tendo como arma número um o jornalismo profissional.
Paralelamente, faz-se necessário determinar limites no uso de dispositivos eletrônicos para termos tempo de olhar para dentro de nós, refletindo, pensando, analisando. Precisamos ter a coragem de escolher aquilo que nos é essencial na vida, abrindo mão das coisas desimportantes que inundam as multitelas do cotidiano. Do contrário, nosso vínculo com a realidade irá romper-se por completo.