Faz um tempo que as possíveis mudanças no processo para obter a Carteira Nacional de Motorista (CNH) geram repercussão por todo o País. Mudanças na quantidade de horas-aula, o fim da exigência de simulador e queda no preço foram assunto nos últimos meses. São reflexos que vão muito além de gostar ou não das medidas. Eles mudaram a rotina de quem trabalha nos Centros de Formação de Condutores (CFCs). Se você fosse tirar a carteira neste momento, você o faria agora ou esperaria até o preço baixar? A resposta, óbvia, gerou um esvaziamento nos CFCs, freando a procura por quem deseja ser um condutor habilitado e, com isso, até gerando demissões em algumas cidades.
Esse quadro deve ser revertido muito em breve, na segunda quinzena de setembro, quando as mudanças passam a valer na prática. Aí, inclusive, deve haver dificuldade para agendar as aulas já que a demanda refreada deve demorar um pouco até ser atendida. Para minimizar estes problemas de adequação das mudanças o Detran e os CFCs divulgaram que não é preciso esperar até o meio de setembro para iniciar o processo, que é longo. É possível ir adiantando a retirada da CNH e, quando chegar o dia 16 de setembro, as horas/aula serão recalculadas. Assim, os alunos ganham tempo e os CFCs não ficam parados à espera do prazo estipulado pelo governo.
Bom pra todo mundo, certo? Mas, nessa discussão toda, o que menos foi questionado foi o que realmente interessa: a qualidade da formação dos condutores. Há muitos questionamentos sobre a eficiência do uso dos simuladores. O equipamento que fez as empresas terem um alto custo de investimento na compra, está longe de ser unanimidade entre os alunos. E o preço, todos sabem, é absurdo. Muitas pessoas desistem de tirar a carteira porque o preço está fora do orçamento da maior parte dos brasileiros, em especial para quem reprova e tem de pagar aulas extras.
Eram necessárias mudanças, mesmo que estas talvez tragam alguns problemas. Mas, o principal é que tenhamos cobrança por uma formação de qualidade, para que não tenhamos absurdos pela ruas, com pequenos e grandes desrespeitos às leis de trânsito se repetindo a cada dia e gerando risco à vida de todos. A CNH precisa sim ser mais barata ao povo. Mas o que realmente tem de ser alterado, e rápido, é a mentalidade dos condutores. A vida vale mais.