Não há ressalva a se fazer quando a comunidade cobra qualidade e agilidade do Poder Público, recebendo, inclusive, apoio incondicional do jornalismo profissional. Os eleitos e os concursados são representantes do povo, que têm a obrigação de trabalhar por seu bem-estar e administrar os recursos públicos com austeridade. Todavia, este entendimento muda quando os bens públicos são deliberadamente destruídos por integrantes desta mesma comunidade.
Não será necessário falar do crime – ou contravenção – realizado pelos jovens na Estação da Cultura, desde as pichações até culminar no incêndio criminoso da última segunda-feira. Será mais produtivo iniciar a abordagem pela depredação dos banheiros públicos em Montenegro. Não existe manutenção que supra o mau uso constante, acompanhado de total falta de higiene. Equipamentos que deveriam tornar mais tranquila a permanência na praça ou no parque, são depredados como se não pertencessem aos próprios.
É difícil de acreditar, mas, em muitas das vezes, o mau uso é simplesmente por displicência, por falta de zelo com aquilo que acredita não ser seu. No ciclo lógico da coisa pública, o cidadão paga impostos que serão usados, em parte, para consertar aquilo que ele quebrou. Se todos cuidassem da nossa cidade, certamente haveria mais dinheiro para investir em outras prioridades, inclusive ampliações e novos benefícios ao coletivo.
Não é o caso de cobrar de todos postura fraterna igual a do aposentado Dilson Antônio Rodrigues. O “Mineiro” tira três dias da semana para limpar a praça Dos Ferroviários, que fica em sua vizinhança, mas é usada por dezenas de montenegrinos, dos quais algumas não dão destino sequer ao próprio lixo que levam ao espaço. Este é um tipo de zelo tem mais relação com o carinho pela cidade e seus pontos de convivência.
Mas agora essa reflexão retorna ao seu ponto de partida, que aqui nas páginas do Ibiá é representada pelo abandono dos prédios estaduais sem uso em Montenegro. Um deles, imponente na nobre esquina da praça central Rui Barbosa, tem inclusive risco de uma parte se desprender e atingir um transeunte. Se nem o governo do Estado cuida do nosso patrimônio, o que esperar do homem médio com sua revolta ao sistema.