O primeiro desafio

Desde segunda-feira, dia 31 de agosto, os partidos políticos estão autorizados a realizar suas convenções, oficializando os nomes dos seus candidatos a prefeito e vice e à Câmara de Vereadores. Infelizmente, mudanças operadas na legislação para tornar as disputas mais baratas reduziram demais o tempo das campanhas. Ao invés de três meses para dialogar com o eleitor e mostrar suas propostas, como ocorria até 2012, agora os aspirantes dispõem de meros 45 dias para mostrar que são as melhores opções.

É pouco tempo, considerando que, na mesma toada, também foi encolhido o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Provavelmente, o objetivo de enxugar os custos esteja sendo alcançado, mas a um preço muito elevado: a crescente precarização da própria democracia. As oportunidades de dialogar com os candidatos e vê-los debatendo seus planos de governo são cada vez mais escassas. Logo, vota-se no escuro, raramente com a certeza de que fizemos a melhor opção.

Para alguns eleitores, campanhas curtas são ideais. Afinal, eles não gostam de Política, acham que todos mentem e se tornam corruptos quando ascendem ao poder. De fato, muitos políticos fazem jus à fama, mas não custa lembrar que eles chegam aos cargos porque foram conduzidos a eles pela maioria. Omitir-se é abrir caminho aos espertos e aproveitadores. A única alternativa é vencer o desencanto e assumir a responsabilidade por uma boa escolha.

Há quem defenda o voto facultativo, sob o argumento raso de que devemos ser livres para simplesmente ignorar o nosso dever de decidir. É um equívoco, considerando que as ações de quem for eleito vão repercutir diretamente sobre as nossas vidas, para o bem e para o mal. Aumento de impostos, gastos em saúde, melhorias nas ruas, todas são pautas que nos afetam. Então, é melhor tentar encontrar, entre os candidatos, alguém que pensa como a gente para dar conta de tudo isso.

A campanha começa logo em seguida e, neste novo formato, não basta ter boas ideias, é preciso saber se comunicar com o eleitor. Criatividade, objetividade e muito trabalho são essenciais. Dizem que um bom líder é aquele que desacomoda. Esse será o primeiro teste de quem deseja nos governar.

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