Como um paciente que tem a saúde agravada, a “família” havia sido chamada para saber detalhes do diagnóstico e o que ainda podia ser feito para evitar consequências ainda piores. A reunião de alerta ocorreu há pouco mais de 15 dias, quando a direção do Hospital Montenegro expôs a gravidade da situação financeira da instituição aos representantes de municípios da região.
E a sequência dos acontecimentos demonstrou que não havia exagero no diagnóstico. Agora, já não é mais um alerta, mas uma realidade: a casa de saúde precisou reduzir seus serviços para evitar algo pior. Não é a primeira vez que esse “paciente” é encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para garantir sua sobrevivência, enquanto milhares de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) torcem pela sua recuperação.
Assim pode ser definida a situação do Hospital Montenegro. Sua história recente já tem sobressaltos, com altos e baixos em sua saúde financeira. E num passado um pouco mais distante até seu óbito chegou a ser previsto, com o risco de fechamento.
Não é a primeira vez, portanto, que é preciso tomar decisões como essa de reduzir serviços, medida que impacta na vida da população de vários municípios gaúchos. Vale lembrar que em um cenário de dificuldades econômicas e com desemprego, a demanda pelo SUS é ainda maior, pois reduz a parcela da população assistida por planos particulares de saúde.
A suspensão de serviços leva as pessoas a sentirem mais a gravidade da situação, mas não basta torcer para que o paciente melhore. É preciso que lideranças comunitárias e políticas façam pressão junto aos poderes públicos para que a saúde seja, de fato, prioridade na aplicação de investimentos. É preciso remédio e um tratamento eficaz para que haja cura.